Muita gente houve dizer que o 1º de maio é dia de festa, piquenique. A patronal difunde nos meios de comunicação que é o dia do trabalho.
Essa desinformação faz parte de uma política patronal para impedir a conscientização dos trabalhadores. Querem apagar a memória da organização e da luta da classe trabalhadora.
Mas cabe ao movimento e às entidades ligadas aos trabalhadores resgatarem essa memória para manter a tradição e fortalecer a consciência e a luta da classe.
A Origem
No século 19, ainda não estavam consolidadas leis que defendessem os direitos trabalhistas. A exploração era imensa! A jornada de trabalho costuma ser de 12 até 16 horas diárias, sem descanso remunerado, nem férias.
A 1ª Internacional, em 1864, por proposta de Karl Marx, decidiu por lutar pela jornada de oito horas. No mundo todo, essa campanha começou a ser feita pelas organizações de trabalhadores.
Em 1886, nos EUA, os trabalhadores decidiram realizar uma Greve Geral para reivindicar essa bandeira de oito horas. O dia escolhido para começar o movimento foi o 1º de maio.
Houve uma grande adesão à greve, com cerca de 5 mil fábricas paralisadas e de 240 mil operários de braços cruzados. Em muitas regiões do país, os patrões decidiram por aceitar essa reivindicação, mas, em Chicago, que na época era a maior cidade industrial daquele país, a patronal resolveu reprimir o movimento.
Já dias antes, a chamada livre imprensa colocou-se a serviço dos patrões e nos dias que antecederam a greve, o Chicago Times, por exemplo, dizia: “A prisão e o trabalho forçado são a única solução para a questão social, o melhor alimento para os grevistas será o chumbo”.
E houve, realmente, um grave confronto que se estendeu por vários dias, com dezenas de trabalhadores feridos e até mortos, pela violência policial. Centenas de trabalhadores foram presos.
Não satisfeita com a repressão, a patronal articulou com as autoridades um julgamento dos líderes do movimento. Em uma farsa completa, o tribunal decidiu por condenar oito dos líderes da greve.
Seis deles (Spies, Fischer, Engels e Parsons) foram condenados à morte e enforcados! Um foi encontrado morto na cela. Seis anos depois, o processo foi anulado por conta de todas as suas irregularidades e os três que ainda estavam presos foram libertados.
Em 1891, a 2ª Internacional Socialista, já sem Karl Marx (morto), mas com Engels, que foi grande parceiro de Marx, aprovou, no Congresso de Bruxelas, que no dia 1° de maio haveria demonstração única para todos os trabalhadores, de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e reivindicação de oito horas de trabalho. Em os primeiros de maio que se seguiram, houve greves, manifestações, choques com a polícia e não era feriado.
O caráter internacionalista, classista e de luta
Como não foi possível conter as mobilizações, havendo sempre grandes confrontos nos dias 1º de maio, a burguesia resolveu usar outra tática. Adotou o dia como feriado e passou a difundir que seria um dia de festa, tentando mudar seu caráter para o dia do trabalho.
No Brasil, os primeiros movimentos de 1º de maio começaram em 1890 e, em 1892, ocorreu o primeiro ato em praça pública, na cidade de Porto Alegre.
Em todo o mundo, muitos sindicatos, partidos de esquerda e diversas organizações de trabalhadores tentam manter a tradição do movimento operário, realizando atos classistas e com reivindicações da classe trabalhadora.
Mas, infelizmente, muitas organizações da classe resolveram aderir à visão patronal e cederam para realização de manifestações festivas, com shows, sorteios de brindes e nenhuma discussão de luta. Chegam ao cúmulo de convidar setores patronais para participar do ato!
Nos dias de hoje, em que estamos perdendo leis que protegiam direitos trabalhistas, que estão retrocedendo as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, faz-se necessária a luta firme e resoluta de toda a classe.
Por isso, é muito importante a participação dos trabalhadores nos atos de 1º de maio, resgatando a tradição internacionalista, classista e de luta do movimento.