Agora a raposa tomou conta do galinheiro!
Após aprovação no Senado, foi aprovada na Câmara dos Deputados a Independência do BC. Em outro artigo, o Agora é para Todos já esclareceu os prejuízos que isso trará à nação, mas é importante entender os meandros políticos dessa história.
O novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), após a votação que aprovou o projeto, esclareceu em seu twiter que estava blindando as autoridades monetárias de quaisquer ingerências políticas.
No artigo citado acima foi explicado do que se tratam essas “ingerências políticas”.
O BC é responsável pelo câmbio, comercio exterior, regular a moeda, dívida pública, política de crédito e taxas de juros, normatização do sistema financeiro. Isso tudo é política de Estado, cabe ao governo decidir de acordo aos seus projetos para o país.
Tirar de um governo eleito o direito de exercer essas políticas, não significa eliminar as ingerências políticas, mas eliminar a governabilidade! Não se pode governar sem controlar essas questões financeiras.
Mas, ao mesmo tempo que retira dos governos a possibilidade de terem esse controle sobre o sistema financeiro, dão o poder aos banqueiros!
O novo presidente do BC é o banqueiro Roberto Campos Neto, que ficará no comando do BC até 2024 e não poderá ser retirado nem pelo atual presidente da República nem pelo próximo. E poderá fazer a política que quiser, mesmo sem aprovação do governo de plantão.
Roberto Campos Neto foi executivo do Banco Bozano Simonsen e no Banco Santander. Também atuou na Bolsa de Valores como operador da Dívida Externa. Mas, para ficar mais claro, ele é neto de Roberto Campos, ex-ministro da ditadura militar, senador pelo PDS e ferrenho defensor do neoliberalismo, totalmente contrário às estatais. Chegou a ir pessoalmente ver a ministra Margaret Thatcher na aplicação de sua política neoliberal na Grã Bretanha.
Com essa nova realidade, a tragédia da privatização dos bancos públicos ganha um novo capítulo. Mas, não só isso, a própria soberania do país sofreu um golpe mortal. O Brasil está nas mãos dos banqueiros!
Mas, o que mais impressiona é que o movimento sindical bancário não fez absolutamente nada em relação a isso. Deixou-se o projeto tramitar no Congresso e nem foi discutido entre os próprios bancários. Um projeto que estava o Congresso desde 2019!
Portanto, mais uma vez o movimento sindical demonstrou sua incapacidade de apresentar e discutir com os trabalhadores questões relevantes, que vão além de seus interesses corporativos, mas que afetam também os direitos da categoria.
Os trabalhadores deveriam discutir um projeto para o país, desde sua ótica de classe. Os sindicatos deveriam estimular esse debate e apontar outro caminho para a nação.
Agora, só nos resta correr atrás do prejuízo. A luta para reverter isso será muito difícil, assim como a reversão da Reforma Trabalhista, da Previdências ou as Privatizações.
Mas, não tem outro jeito, lutar é preciso!