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Diáspora brasileira

Diáspora, na definição dicionarizada por Michaelis, é “dispersão de povos, por motivos políticos ou religiosos”. Se, em vez de povos, o substantivo alcançasse alguns milhões de jovens, a definição seria modesta. A dispersão pela desesperança em relação a trabalho, renda, educação e condição econômica do país, enfim, ao futuro, caberia bem no caso brasileiro.

Pesquisa publicada em junho de 2021 pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, intitulada “Jovens: Percepções e Políticas Públicas”, avaliou expectativas e sentimentos de jovens entre 15 e 29 anos de idade, que no Brasil são 50 milhões, ou 26% da população. Os resultados foram comparados a dados de consulta semelhante feita em 130 países pelo estadunidense Gallup World Poll. Os períodos analisados foram 2005-2010, 2011-2014, 2015 e 2018, com alguns indicadores de 2019 e 2020.

Segundo a pesquisa, entre 2005 e 2010 23,3% dos jovens optariam por mudar-se permanentemente do país, caso pudessem. No período 2015-2018, esse percentual foi a 43,7%. Em 2019, último dado disponível, alcançou 47%.

Razões

Apenas pouco mais da metade dos jovens brasileiros (56%) mostrava-se satisfeita com o sistema educacional em 2015-2018, o que jogava o Brasil à 97ª posição entre 139 países. Se observado dado de 2020, já sob a pandemia, a satisfação caiu a 41%.

Que as pessoas poderiam progredir no Brasil por meio do trabalho era a crença de 70% dos jovens em 2015-2018, 103ª posição no mundo. No entanto, 80,3% deles consideravam, então, mau momento para encontrar emprego. Esse percentual caiu a 70% em 2020, mas, ainda assim, esteve muito distante da análise do período 2011-2014, quando a maioria (54,3%) considerava bom momento para encontrar emprego.

No capítulo Economia País, diz a FGV que “ao longo de três períodos os jovens do mundo, em média, perceberam uma leve melhora nas condições econômicas de seus respectivos países”, enquanto os jovens brasileiros “viram uma guinada na economia do país, de uma tendência de melhora para uma piora brusca. A percepção de uma condição econômica pobre no Brasil diminuía de 16,6% em 2005-2010 para 14,2% em 2011-2014, mas saltou para 51,9% em 2015-2018 (contra 26,7% no mundo)”. Acrescente-se que 80% acreditavam que a tendência era piorar.

2,5 milhões morando no exterior

No agora longínquo 2014, reportagem de Luiz Gustavo Xavier, veiculada na Rádio Câmara, revelava que 2,5 milhões de brasileiros viviam no exterior. O tema era discutido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados no Seminário “Migração e Cidadania: Desafios para assistência ao migrante brasileiro”.

Os migrantes, dizia a reportagem, “são levados pela falta de oportunidades e pelo sonho de uma vida melhor”. E acrescentava: “Nos anos 80 e 90, brasileiros migraram para o exterior em razão das sucessivas crises econômicas que o país viveu e, também, dos índices de desemprego. Já na primeira década dos anos dois mil, a visibilidade econômica e social do Brasil passou a atrair de volta os migrantes brasileiros.”

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