Desigualdade social e preconceito impedem obtenção de melhores resultados
Após quarenta anos em que o primeiro caso da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi detectado no mundo, ela continua sendo um problema de saúde global ameaçador. Números de 2020 indicam que 920 mil pessoas viviam com o vírus HIV no Brasil, chegando a 37,6 milhões em todo o mundo, sendo que 25% desse número não sabe que está contaminado.
Segundo avaliação da UNAIDS, que é o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, criado em 1996 para a unificação das ações de combate ao vírus, dificilmente o mundo cumprirá o compromisso de debelar a doença até 2030 e o principal fator é a desigualdade.
Ainda de acordo com a entidade, de cada três infectados pelo HIV, dois são na África, em especial na região subsaariana, onde a expectativa de vida recuou em até 17% em algumas nações. No Zimbábue, por exemplo, o índice de contaminação chega a 25% da população, para se ter ideia do que isso representa, no Brasil essa cifra é de 0,35%, onde temos um dos melhores programas de controle da doença do mundo, em que todas as pessoas diagnosticadas recebem tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar de todos os ataques que as políticas sociais no Brasil vêm enfrentando desde o governo Temer, com a aprovação da “PEC da morte”, transformada na Emenda Constitucional – EC 95 em dezembro de 2017, entre outras medidas, os números da contaminação pelo HIV tiveram um decréscimo de 18,7% no período de 2012 a 2019. E o número de mortes recuou 17,1% entre 2015 e 2019.
Diagnóstico precoce, distribuição gratuita de medicamentos e campanha de prevenção com a distribuição de preservativos, representam os três pilares centrais dessa política reconhecida mundialmente como referência.
Contudo, mesmo com os avanços obtidos, ainda existem alguns segmentos da população brasileira mais vulneráveis, cuja prevalência é superior à média nacional (0,35%). Esses grupos, chamados “população-chave para o HIV” é composto pelos gays, pessoas trans, pessoas com dependência no uso de álcool e outras drogas, pessoas privadas de liberdade e trabalhadoras(es) sexuais, o que reforça a constatação da UNAIDS sobre a necessidade da superação das desigualdades, não só entre nações e continentes, como também em populações de um mesmo país, evidenciando a importância das políticas sociais e o combate ao preconceito.