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Para o plebiscito de hoje, a Confederação pauta um sim ao encenado com banqueiros

A se confirmar a estimativa de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulada de setembro de 2021 a agosto de 2022, de 8,88%, enquanto o reajuste acertado entre banqueiros e Contraf-Cut, Confederação coordenadora da negociação pelos bancários, será de 8% em 1º de setembro deste ano. O informe é do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Em outras palavras, o acordo materializa perda real de salário. A convenção será renovada por dois anos e define, para 1º de setembro de 2023, reajuste pelo INPC acumulado nos doze meses anteriores e 0,5% de ganho real. Esse índice não irá recompor a perda de agora. Nova discussão apenas em agosto de 2024.

A Contraf-Cut orienta o “sim” no plebiscito de hoje, seu meio para endossar o pactuado, e repete o encenado com banqueiros em 2016, 2018 e 2020. Não há surpresas na orientação: caso contrário, a Confederação teria de defender o que não quer defender, não quer ver acontecer e, talvez pelo vício, não se ter dado ao esforço de organizar – aliás, nem sequer anunciar como hipótese.

Sem organização não tem greve, sem greve não tem aumento. Frase antiga, entretanto não superada.  Foi estampada em camisetas distribuídas às centenas e centenas de bancários tantas vezes em encontros, congressos, assembleias, passeatas, todas estas também práticas antigas, anacrônicas no entendimento de alguns.

Greve não é um fim, é um meio, mas melhor tê-la preparado, mesmo que, ao final, se mostre desnecessária sua deflagração.

Há que se reconhecer que, antes, a paralisação de bancários paralisava a atividade de bancos. Agora, banqueiros investem para fazer do bancário contratado alguém dispensável. Seus sistemas transformam clientes em bancários, com a vantagem aos banqueiros de, em vez de remunerá-los pelas tarefas realizadas, deles cobrarem tarifas mais que suficientes para pagar os ainda bancários.

As paralisações em tempos recentes resumem-se a faixas nas portas de algumas agências que, abertas, permitem o acesso de clientes ao autoatendimento e, aos grandes clientes, acesso aos gerentes de contas, de relacionamento, de produtos, de serviços, enfim, a tudo. O sistema não paralisado também viabiliza os bancos pelo celular ou guichês de casas lotéricas, elas próprias agências bancárias nunca paralisadas.

Banqueiros sempre investem, as entidades que se pretendem representativas, não. Limitam-se ao teatro da mesa, sem organizar sua base de apoio, com poses para fotografias nesta campanha iguais àquelas das campanhas de agostos recentes. A cada dois anos, tática repetida, estratégia inexistente, bancários nunca chamados a luta. Ironicamente, bancários são dispensados não apenas pelos bancos, mas também por suas entidades.

Campanha distante de bancários, limite de 31 de agosto tratado como fetiche, não obstante terem sido muitas as vezes nas quais a categoria ignorou prazos, superando-os, lutando.

No anúncio de hoje feito pelos negociadores, propaga-se como conquistas de companha o endosso à prática de bancos, segmento recordista em ganhos, em nem mesmo recompor salários de seus trabalhadores ao que recebiam há doze meses. E também como conquistas, naturalmente, alguns farelinhos lançados aos sempre dispostos a se curvar.

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