Previdência e Saúde

Entidades sindicais precisam se envolver mais com o 28 de Abril: Dia Mundial em Memória das Vitimas de Acidentes de Trabalho

“O movimento internacional de trabalhadores instituiu o 28 de abril em memória dos trabalhadores e trabalhadoras vitimados pelos acidentes laborais, porque a data remete a morte de 78 trabalhadores causada por explosão em uma mina nos Estados Unidos no dia 28 de abril de 1969.”
O parágrafo acima é resultado de pesquisa em sites de busca da Internet a partir da frase “28 de abril de 2024 dia mundial em memória das vítimas de acidente de trabalho”, mas há pouquíssimos registros relativos à data como um dia de lembrança e reflexão sobre todas as trabalhadoras e trabalhadores vítimas de acidentes durante o exercício de suas atividades profissionais.
A maioria das referências, em resposta à consulta, trata como simplesmente o “Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho”, data definida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) de forma equivocada, pois retira o foco de uma celebração exclusiva dos trabalhadores, com caráter de protesto contra os patrões, verdadeiros responsáveis pelas centenas de milhões de acidentes de trabalho no mundo a cada ano, desviando o sentido da efeméride para ações conjuntas entre empregados e empregadores, mediados pelo estado, seguindo a lógica tripartite da agência.
Não se trata de menosprezar o intuito da instituição ligada à Organização da Nações Unidas (ONU), cujo objetivo é discutir os problemas da organização e das relações de trabalho no mundo. A ênfase na prevenção aos riscos de acidentes e doenças existentes nos ambientes laborais é mais do que louvável, pois ainda que insuficiente para eliminar as centenas de milhões de acidentes graves, gerando incapacidade, muitas vezes permanente, mutilações e mortes, ano após ano, em todos os países do mundo, é absolutamente necessária como parte da solução. A razão da crítica é a escolha da data, como explicitado no parágrafo anterior.
Porém, mais do que responsabilizar a OIT, muito menos os algorítmos dos sites buscadores e até memso os próprio empresários ao, de forma oportunista e hipócrita, se prevalecerem desse desvio de objetivo para passar a imagem de preocupados com a saúde e a vida de seus empregados, tentando dissimular sua real natureza de exploradores sem limites da força de trabalho, na busca desenfreada por lucros; há que se responsabilizar, principalmente, as entidades sindicais ao não se apropriarem desse debate, quando não repetindo o discurso da saúde e segurança com viés patronal de culpabilização das trabalhadoras e trabalhadores, o que é ainda pior, deixando passar em branco uma das mais tangíveis oportunidades para levar a conscientização a seus representados a respeito da verdadeira causa de todo acidente e adoecimento: a organização do trabalho, em última análise, as empresas.
Aliás, os sites das entidades ligadas aos bancários, em especial os da Caixa: Contraf, Fenae e Apcefs, não trazem, no dia de hoje, nenhuma referência à origem do 28 de abril, a maioria sequer menciona a data. No entanto, por questão de justiça e para que o exemplo sirva de reflexão e favoreça a autocrítica das entidades omissas, é importante assinalar que a Fundacentro, em seu portal apresenta com grande destaque o “Manifesto do Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”, subscrito por, além da própria Fundacentro, 40 entidades, como as principais centrais sindicais, Dieese, Diesat e inúmeras associações ligadas ao tema (veja no link https: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2024/abril/manifesto-do-dia-internacional-em-memoria-das-vitimas-de-acidentes-e-doencas-relacionadas-ao-trabalho)

Imagem: Fundacentro, arte de Elifas Andreato
Também como iniciativa da Fundacentro, e demais entidades subscritoras do documento, foi realizado neste domingo pela manhã, ato público na Praça Vladmir Herzog, para chamar a atenção da população em geral sobre essa verdadeira tragédia.
No mundo inteiro, de acordo com estudos da OIT, ocorrem, a cada ano, em média 270 milhões de acidentes de trabalho, sendo 2,2 milhões resultando em morte. No Brasil as cifras são também alarmantes: 603.825 mil acidentes e 2.694 óbitos, no ano de 2023, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social.

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