Faltava idade a todos nós para que nos arrependêssemos da alegria (Eduardo Galeano)
Pouco menos de 60 mil aposentadas e aposentados, a maior parte – mas, claro, não exclusivamente – de trabalhadoras e trabalhadores que chegaram à Caixa de meado dos anos 1970 ao início dos anos 1990.
Essa gente viveu uma instituição muito diferente da instituição que se impõe hoje, embora, antes e agora, instituição que foi e é muito mais que um banco.
Diferente, também, o caminho percorrido pelo país dessa gente: governo ditatorial, movimento estudantil, anistia, protestos contra a carestia, diretas já, eleição indireta, o primeiro voto. Em meio aos tempos que mudavam, bancárias e bancários aprenderam a construir a luta por direitos. Em verdade, vivenciaram a satisfação da luta coletiva.
Nessas décadas vislumbrava-se trabalhar por 30, 35 anos. Depois, a aposentadoria por tempo que se desejava muito longo, embora para aquela geração não se imaginava tão longo: afinal, pessoas de 60 anos idade, para os jovens de então, eram consideradas velhas. O pijama era o traje para os 10, talvez 15 anos seguintes ao encerramento da vida profissional. No fim do tempo, a cada qual o destino anunciado por sua crença.
Mas passadas essas décadas, essa gente se descobriu aposentada de uma empresa, sim, mas longe da velhice.
Cumprida a etapa na Caixa, surgiram advogadas e advogados, arquitetas e arquitetos, corretoras e corretores de imóveis, mestras e mestres, voluntárias e voluntários em instituições sociais, esportistas das bicicletas, das corridas, das piscinas, das quadras, dos gramados e – por que não? – dos tabuleiros. Surgiram artesãs e artesãos, escritoras e escritores, artistas e viajantes para todos os cantos. E seguem, também, militantes que se forjaram na luta.
Neste 24 de janeiro, dia das aposentadas e dos aposentados, muito a se comemorar graças ao caminho percorrido. E muito a se comemorar graças ao privilégio de ainda faltar idade para o arrependimento.