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Confirmada a extinção da VIPES. Para onde caminha a CAIXA?

Confirmado: a VIPES (Vice-Presidência de Pessoas) foi extinta pelo Conselho de Administração da CAIXA. A conselheira eleita pelos empregados, Rita Serrano, confirmou a notícia.

 

No comunicado publicado por Rita Serrano, além de declarar seu voto contrário, ela expressa a sua preocupação com o fim da VIPES, pois a “pasta veio humanizar a gestão, valorizar o patrimônio humano do banco. O que vemos agora é um retrocesso”. Para além da avaliação da conselheira, se a VIPES não chegou a ser a garantia de uma gestão humanizada, tampouco se pode menosprezar a importância do gesto. Quando Pedro Guimarães e demais conselheiros indicados pelo Governo Bolsonaro diluem a pasta dentro de outras funções não correlatas, eles sinalizam algo.

Pela medida aprovada, a relação com os empregados da CAIXA passa a ser incumbência da VIEPE – Vice-Presidência de Estratégia e Pessoas. Serão migradas, para essa nova estrutura, três áreas: a de Comunicação e Relacionamento Institucional, a de Governança e Estratégia, e a de Ouvidoria, antes relacionadas diretamente com a presidência (ver organograma antigo acima). O que isso quer dizer?

Para quem conhece os conceitos expressos em um plano estratégico corporativo, é bom sublinhar o que há no item “visão”. Ele expressa a “visão de futuro”, ou seja, para onde a estratégia empregada quer levar a empresa em um determinado período de tempo. No caso da CAIXA, afirma-se que a “estratégia para o alcance da Visão está centrada nos objetivos e nas ações de gestão, que buscam flexibilidade, competitividade e simplicidade […]”.

Ao ver as constantes reestruturações e mudanças de nome das áreas-meio e da matriz, há quem deduza que essa gestão é uma bagunça. Porém, analisando atentamente os itens estratégicos e a visão de futuro, chegamos a outra conclusão. No campo da gestão de pessoas, os três objetivos estão sendo buscados sistematicamente pela atual direção da empresa. Vejamos o que tem sido praticado.

Flexibilidade é ter menos encargos trabalhistas (Saúde CAIXA, PLR, obrigações com a previdência/FUNCEF) e mais trabalho terceirizado, precarizado ou disperso por subsidiárias. As aberturas de capital, além de agradar a banqueiros e grandes capitalistas ávidos por participar de empresas lucrativas, servem para diluir o contingente de funcionários em um emaranhado de subsidiárias, diminuindo a identidade de coletivo que os trabalhadores da CAIXA desenvolveram ao longo de décadas de luta.

Competitividade, no dicionário ultraliberal de Paulo Guedes, não significa tirar mercado dos bancos privados. Desde 2017, a CAIXA só perde mercado. Pelo contrário, de acordo com essa concepção, o objetivo é fatiar e repassar para os banqueiros concorrentes. Do ponto de vista do empregador privado, ser competitivo é pagar o menor salário possível obtendo a maior quantidade de esforço de trabalho. Em outras palavras, arrochar salários, cortar benefícios, reduzir a folha via PDVs ou outros meios. Trazer a Ouvidoria para dentro da mesma estrutura pode contribuir para usar as reclamações para apontar punições a empregados, instaurando processos administrativos e encaminhando para a corregedoria. Difícil não supor isso. Tudo para aumentar o lucro e vender depois.

Simplicidade – a CAIXA é o banco que presta a maior gama de serviços. Ser recepcionista de uma agência da CAIXA é uma arte, pois envolve ter conhecimento de centenas de procedimentos relacionados a produtos, serviços e programas de governo. Simplificar esse universo só será possível com a retirada de funções da empresa, esvaziando-a de seu caráter público e universal. A criação do “Banco Digital”, que promete carregar a carteira de poupança e junto toda a intermediação de programas sociais, faz sentido dentro dessa visão de futuro. Ao retirar do atendimento milhões de trabalhadores pobres, migrando sua interação para o aplicativo CAIXA TEM, o que restar após as demais privatizações será simples como um saco vazio.

Mais do que lutar pontualmente contra dezenas de medidas dispersas que a atual administração tem aplicado, fica cada vez mais claro que há uma guerra estratégica em curso. Esse plano estratégico precisa ser derrubado pelo povo brasileiro, pois visa à privatização da estatal. E isso só será possível de um jeito. Sem mudança de governo não se muda estratégia. E não sabemos se a CAIXA aguenta mais dois anos nesse caminho.

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