Conclusão em relatório publicado em maio deste ano pela Oxfam: “A riqueza dos bilionários teve alta recorde durante a pandemia de COVID-19, à medida que as empresas dos setores alimentício, farmacêutico, energia e tecnologia lucraram. Enquanto isso, milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentam uma crise de custo de vida devido aos efeitos contínuos da pandemia e ao rápido aumento dos preços de bens essenciais, incluindo alimentos e energia. A desigualdade, já extrema antes da COVID-19, atingiu novos patamares”.
Números sustentam a conclusão: com base em dados da Forbes, há 2.668 bilionários no mundo que, juntos, são donos de 12,7 trilhões de dólares, aumento real de 3,78 trilhões, 42%, durante a pandemia Covid-19. A riqueza desses bilionários equivale a 13,9% do Produto Interno Bruto (PIB) global. A riqueza dos dez mais ricos é superior à riqueza dos 40% mais pobres do mundo. A fortuna dos bilionários cresceu, em 24 meses, o equivalente a 23 anos, diz a Oxfam.
A riqueza é, predominantemente, de homens: durante a pandemia, aumentou a disparidade salarial entre homens e mulheres, estas mais propensas ao fechamento de vagas, trabalho não remunerado e responsabilidade nos cuidados domésticos. A desigualdade racial também fez suas vítimas no mundo. Segundo a Oxfam, “mais 3,4 milhões de negros americanos estariam vivos hoje se sua expectativa de vida fosse a mesma dos brancos. Antes da COVID-19, esse número alarmante já era de 2,1 milhões”. Esse é apenas um exemplo.
Para a Oxfam, “os governos têm alcance considerável para agir e conter o crescimento excessivo da riqueza bilionária e dos lucros corporativos e, dessa forma, evitar a atual e sem precedentes crise do custo de vida que a população enfrenta”. Durante a crise sanitária, banco centrais injetaram recursos na economia, uma medida necessária. Mas, ao mesmo tempo, esses recursos elevaram “drasticamente o preço dos ativos e, com isso, o patrimônio líquido dos bilionários e das classes proprietárias de ativos”. Propostas da Oxfam, apresentadas ao Fundo Monetária Internacional e Banco Mundial em abril, estão centradas em plano de resgate econômico visando ao aumento da proteção social, controle de preços, cancelamento de dívidas dos países mais pobres e introdução de impostos mais justos. Impostos, no caso, especialmente de bilionários beneficiados pela injeção de recursos. Essa lista é absolutamente contrária a princípios neoliberais, visão ainda predominante na economia global. A ver quais governos e organismos a aplicarão.
A íntegra do relatório está disponível https://www.oxfam.org.br/noticias/lucrando-com-a-dor-novo-relatorio-mostra-como-bilionarios-lucraram-durante-a-pandemia-as-custas-de-milhoes/