Movimento

Primeiro de maio, dia da trabalhadora e do trabalhador

 

*Elis Regina Camelo Silva

E você, mulher, mãe e trabalhadora, como está sua vida neste primeiro de maio?

Antes que você me responda, saiba que a inserção e manutenção das mulheres no mercado de trabalho caiu drasticamente nos últimos 12 meses.

O cenário econômico de 2020 gerou uma piora no mercado de trabalho brasileiro e impactou as mulheres com mais força.

Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios – IBGE), uma parcela expressiva de mulheres perdeu sua ocupação no período da pandemia. Entre o 3º trimestre de 2019 e o de 2020, o contingente de mulheres fora da força de trabalho aumentou 8,6 milhões, a ocupação feminina diminuiu 5,7 milhões e mais 504 mil mulheres passaram a ser desempregadas.

Sabemos que a desigualdade de gênero precede a pandemia de Covid-19, mas é fato que ela agravou esse problema social e estrutural tão conhecido no Brasil e no mundo.

Estamos diante de um governo totalmente machista e misógino, que não se envergonha de manter posturas “desrespeitosas” e fazer declarações discriminatórias em relação às mulheres, desde o início de sua gestão, reforçando estigmas e estimulando a violência. É notório que essa crise econômica atingiu em cheio as mulheres e grande parte do que está acontecendo é responsabilidade da cúpula do governo federal.

A sociedade patriarcal defende que a ideia de naturalização dos cuidados dispensados aos doentes, às crianças e aos afazeres domésticos são de inteira responsabilidade das mulheres, gerando-se, na prática, maior sobrecarga de trabalho nas chamadas triplas jornadas laborais da população feminina. Em meio à pandemia essa situação se agravou e a vida de muitas mulheres ficou inconciliável.

Como manter o ânimo, o vigor, a produtividade no trabalho, ou mesmo manter o emprego, em meio ao isolamento social, a uma crise sanitária dessa magnitude, com as crianças integralmente em casa, as aulas on-line tomando muito tempo principalmente se forem duas ou mais crianças, com turnos e séries diferentes, conciliando ainda almoço, limpeza, organização, tempo para brincadeiras, sem a ajuda do parceiro?

Sabemos na prática que, se alguém precisar abrir mão do trabalho para se dedicar à casa, será a mulher e não o homem, raríssimos os casos em que o contrário acontece. Dessa forma, muitas deixaram o trabalho por não conseguir administrar tudo em meio à pandemia. A situação não está nada fácil, e algumas mulheres estão passando fome, sobrevivendo com a ajuda de entidades assistenciais que se reinventam para continuar seus atendimentos.

Nesse sentido, faz-se extremamente necessário a implementação de políticas públicas que minimizem os impactos da pandemia no cotidiano feminino já historicamente tão sobrecarregado. A solução passa por políticas públicas, desde a questão da assistência às crianças, às mulheres, até estrutura de assistência aos idosos. Mas tudo isso só poderá ser iniciado se elegermos um presidente que esteja engajado com uma política de proteção à vida.

Neste primeiro de maio as mulheres brasileiras erguem seu grito de energia, irmanando um grande basta! Basta de violência, de machismo, de desigualdade salarial, de jornada tripla! Exigimos políticas públicas consistentes no enfrentamento às crises econômica e sanitária. Exigimos Auxílio Emergencial de R$ 600, comida no prato e vacina no braço de todas e todos.

 

Elis Regina Camelo Silva é secretária das Mulheres da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), funcionária da Caixa, graduada em Administração e pós-graduada em Gestão de Pessoas

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