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Violência e racismo

“O escravismo é um sistema hierárquico de produção, e seus aspectos específicos são esclarecimentos por referência ao sistema em particular, como qualquer sistema hierárquico, tem em si loci de violência e de opressão que estarão eventualmente situados em pontos diferentes em diferentes sociedades, mas não poderão deixar de existir. ” Manuela Carneiro da Cunha, livros Negros Estrangeiros

O mapa da violência contra a população negra no Brasil tem sua origem geográfica no território africano, quando os negros foram arrancados, retirados e sequestrados do colo raiz da mama África, homens e mulheres de corpos negros foram conduzidos de dentro da mata selvagem, caminharam longas distâncias com mãos e pés acorrentados, enfrentaram o sol escaldante, noites frias, fome, sede e sofrimento até o litoral para embarcarem nos navios negreiros rumo ao continente americano.

Nos porões imundos dos navios negreiros que navegavam nas ondas do oceano Atlântico, a saga da perversidade seguia seu rito com fome, doenças, estupros, humilhações, alguns corpos negros sucumbiram se jogando nas águas frias e profundas para virar comida de tubarões famintos.

Quando desembarcavam nos portos brasileiros, os corpos negros eram tratados como animais semoventes que iriam desenvolver atividades insuportáveis debaixo do escaldante sol tropical, a senzala abrigava os braços exaustos e almas sofridas de tantas dores sofridas na terra e oceano.

O extenso repertório de violência contra os corpos negros no Brasil mantém a orquestra militar que continua executando a nossa população negra, um show de horrores foi o fuzilamento do músico Evaldo, o carro crivado com mais de oitenta cartuchos pesados do exército brasileiro, algo que caiu no esquecimento, apenas uma pele escura estendida no chão.

Além da violência do aparato militar do estado brasileiro, os seguranças privados dos estabelecimentos comerciais, também abatem os corpos negros, o jovem João Alberto foi espancado até morte dentro do supermercado Carrefour, em Salvador adolescentes negros foram entregues para execução dos traficantes, fatos que não abalam os corações da nossa sociedade racista.

Nos últimos dias, uma jovem negra, grávida, teve a vida interrompida por uma das inúmeras operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro, a polícia que protege os endinheirados brasileiros, abate sem piedade os corpos de pele escura, uma rotina nas periferias brasileiras.

A longa trajetória da população negra no Brasil com mais de 350 anos é profundamente marcada pela violência física nas ruas, nos ambientes laborais que usam a subjetividade e invisibilidade para excluir os corpos dos cargos de prestígio social.

Chegou o momento de uma reação enérgica, postura firme do movimento negro, inclusão do Congresso Nacional nessa discussão da violência contra a população negra, denunciar e responsabilizar o estado brasileiro para organismos internacionais pelo extermínio da nossa população negra.

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