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Condições de trabalho na retomada do auxílio emergencial

Durante a primeira semana da retomada do auxílio emergencial, esta coluna procurou colegas das agências Carapicuíba e Guaianases, além de conversar com colegas de outras unidades. O que se apurou é que, depois de um ano de pandemia, ainda há muitas desigualdades tanto na disponibilidade de equipamentos coletivos e individuais de proteção entre as agências, como na gestão do fluxo de atendimento.

1) Álcool em gel e higiene
Em todas as agências, verificou-se que há álcool em gel em boa quantidade e disponibilidade no interior das agências e os equipamentos de ar condicionado do tipo split têm sido higienizados quinzenalmente. Há porém muitas queixas da pouca quantidade de encarregados de limpeza em algumas unidades, aumentando o intervalo entre as desinfecções das instalações.

A implantação de pedaleira na entrada da agência, para incentivo de higienização das mãos antes do ingresso nas agência também existe em algumas unidades mas não em todas. Ainda sobre o ingresso de clientes, a maioria das agências possui o equipamento para medição de temperatura corporal, mas não é utilizado em nenhuma das agências em que tivemos acesso à informação, pois segundo os funcionários não há quem possa realizar o procedimento.

2) Barreiras de acrílico
As proteções de acrílico foram instaladas em todos os guichês de atendimento de caixa e atendimento expresso. Ocorre que, ainda hoje, nas mesas de atendimento de negócios, as barreiras de acrílico não foram instaladas em boa parte das agências. Questionadas as superintendências, a informação é de que a instalação está sendo realizada com urgência, embora não tenha sido dada uma data limite para isso ocorrer.

3) Máscaras
O fornecimento de máscaras por parte da CAIXA nas agências foi um dos elementos que mais variou durante o último ano. Inicialmente houve falta do item, obrigando as agências a adquirirem o produto através da verba de pronto pagamento. Depois, passou a haver fornecimento centralizado, mas com bastante interrupção de fornecimento ou quantidade insuficiente.

Com o arrefecimento da primeira onda da pandemia, a CAIXA passou a incentivar que os funcionários adquirissem máscaras de pano reutilizáveis, dedicando de verba para isso.
Agora, com a segunda onda da pandemia, seguindo orientação técnica de médicos e especialistas, os sindicatos têm exigido o fornecimento de máscaras PFF2, o que não ocorreu em nenhuma unidade pesquisada. Alguns delegados sindicais inclusive afirmam que, por estas serem mais incômodas, não há grande adesão por parte dos funcionários à implantação padronizada da máscara PFF2, o que tem reduzido a pressão para que as chefias das unidades as forneçam emergencialmente.

4) Serviços essenciais
Nas unidades com menor fluxo de pessoas, apuramos que as agências têm atendido serviços não listados como essenciais no padrão de atendimento divulgado pela CAIXA. O motivo seria a busca por maior atingimento de metas.
Além de gerar desigualdades na métrica de desempenho de negócios, este tipo de comportamento impele as gerências gerais de toda a rede a sacar funcionários do atendimento para privilegiar a venda de seguros, cartões, entre outras atividades, aumentando o tempo de espera do público na fila.

5) Tempo de espera
Aqui há um abismo de desigualdade. Em agências centrais ou em bairros com pouca demanda social, a partir de quarta-feira, houve agências com tempo de espera inferior a vinte minutos. Já nas agências conhecidas por atendimento social massivo, esta espera girou em torno de 3 a 4 horas.
A CAIXA tem dificultado a instalação de tendas para proteção dos clientes, que aguardam no sol e na chuva no exterior das unidades, aumentando a pressão para superlotação do interior das unidades.

Conclusão sobre a ausência de padrão

A CAIXA tem agido de forma a “flexibilizar” a aplicação dos padrões de segurança pandêmica e de atendimento, delegando para os gestores locais muitas das decisões de aplicação de protocolo. Como a FENAG e associações de gerentes denunciam, isto pode parecer cômodo, para facilitar a organização do atendimento, mas deixa sob responsabilidade da chefia local eventuais sinistros ou intercorrências das decisões tomadas, além de gerar confusão no público que busca atendimento.

Por fim, este editorial defende que não deveria haver cobrança de metas por unidade, principalmente durante a pandemia, pois piora sensivelmente o tempo de espera, além de sobrecarregar ainda mais as agências de periferia.

O andar de cima e o andar de baixo

Em agências com dois andares ou mais, o atendimento social e o de negócios fica geralmente apartado, numa reprodução arquitetônica da desigualdade do país. Durante o curto período em que não houve cobrança de metas, os esforços para pagamento do auxílio emergencial em 2020, reduziram esse abismo entre os “dois setores” das agências, colocando todos para gerir o caos que havia tomado o atendimento.

O retorno da cobrança por metas rapidamente destruiu essa solidariedade.

Agora, menos de 15 dias depois da CAIXA cortar a PLR Social de todos funcionários, Pedro Guimarães e seu esquadrão liquidacionista pagam o Bônus CAIXA – destinados somente aos gerentes – e antecipam o salário de abril, incentivando que se comprem as ações da CAIXA SEGURIDADE. Ela passa por processo de privatização através do IPO. A medida tem clara intenção de aprofundar o fosso ideológico que tenta separar gerentes dos demais, como se não fossem empregados, mas patrões.

Afinal, para os banqueiros, era perigoso que todas e todos se sentissem irmanados numa mesma missão. Rapidamente mandaram os gerentes voltar para o andar de cima.

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