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Lucro de operadoras privadas de planos de saúde cresceu quase 50% no primeiro ano da pandemia

Levantamento realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indica crescimento de 49,5% no lucro das operadoras privadas de saúde durante o ano de 2020.

Segundo especialistas, o incremento na lucratividade se deu em razão da combinação de alguns fatores: a diminuição da procura por consultas e exames pelos usuários, temendo a contaminação; o adiamento das cirurgias eletivas, por orientação dos profissionais de saúde e das próprias operadoras; os reajustes nos preços dos planos coletivos, cujo congelamento pela ANS vigorou somente entre os meses de setembro e dezembro.

Porém, o motivo mais escandaloso identificado foi a baixa participação nos esforços para a contenção da pandemia. Os planos privados realizaram menos de 10% dos exames para detecção da contaminação pelo corona vírus e também não disponibilizaram grande parte de seus leitos de UTI quando estavam com 64% de ocupação, e os da rede pública já chegavam próximo aos 100%.

Em números absolutos o lucro líquido das empresas foi de R$ 17,5 bilhões e houve acréscimo de 650 mil usuários, fechando o ano com 47,6 milhões de pessoas vinculadas ao setor.

Em meio à crise generalizada, com aumento do desemprego e parcela significativa da população não tendo atendidas suas necessidades básicas, houve diversos setores empresariais que lucraram muito, o que revela uma das grandes contradições do sistema econômico vigente em nosso país, porém, chega ser um escárnio, uma atitude criminosa, o segmento que tradicionalmente explora economicamente a saúde da população, ter se omitido em grande parte no momento da maior crise sanitária dos últimos 100 anos, deixando, mais uma vez, o maior ônus para o setor público, para ao final se constatar crescimento expressivo dos ganhos a custas de centenas de milhares de mortes.

Se algo de positivo se pode obter da tragédia é o fato evidente de que se não fosse o sistema público de saúde a crise teria atingido níveis ainda mais críticos e parcela significativa da população que teve a própria vida, ou a de alguém próximo, salva pelos profissionais e pela estrutura do SUS, se ainda não a tinham, adquiriram a consciência da importância do sistema e da necessidade de se envolver com sua defesa.

 Ataques ao SUS, favorecem iniciativa privada

Por outro lado, não fosse o compromisso com as elites econômicas, demonstrado pela maioria dos congressistas, preservando o pagamento da questionável dívida pública, e com os donos dos planos de saúde privados, quando em 2017 aprovaram a Proposta de Emenda Constitucional, conhecida como PEC da morte, transformando-a na EC 95, que retira vultosos recursos das áreas sociais, em especial da Saúde, o desempenho do SUS teria sido ainda mais eficaz e muito mais vidas poderiam ter sido preservadas.

Naturalmente, ao se abordar esses temas, não se pode deixar de mencionar as ações nefastas do genocida de plantão, com seu negacionismo e o boicote às medidas de combate à pandemia, que continuam, mesmo no curso da CPI da qual se espera um relatório final em que fiquem caracterizados inequivocamente todos os seus crimes e dos demais envolvidos. Porém, imaginar que simplesmente a partir do relatório, o Congresso Nacional, por si só, irá fazer o que tem que ser feito, já é sonhar demais. Será necessária muita pressão popular para banir de vez esse inimigo da população do Palácio do Planalto.

Lembrando ainda que a última medida adotada pelo (des)presidente na área da Saúde foi apresentar para consulta pública uma proposta prevendo a integração dos planos de mercado com o SUS, para o combate da pandemia, que se aprovada representará na prática a utilização da rede pública pelos planos privados, invertendo a lógica do sistema.

Será a realização de um sonho de consumo das operadoras, com a desregulamentação da Saúde Suplementar e a possibilidade de as empresas lançarem planos de baixo custo e cobertura limitada, encaminhando automaticamente tudo que ultrapassar as coberturas dos planos ao SUS.

Nosso portal publicou recentemente matéria sobre essa medida, ( ver matéria) com o relatório crítico de grupo de trabalho formado por profissionais da Escola de Saúde Pública da USP e da UFRJ, que responderam a consulta pública desaprovando todos os itens propostos.

A luta em defesa do SUS, passa por tudo isso, desde a contenção dos lucros e da expansão sem limites das operadoras de mercado, a reversão da EC 95 e o impeachment de Bolsonaro.

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