Economia

Estagflação

Estagflação é a ocorrência simultânea de estagnação econômica e inflação. Bem-vindo ao Brasil neoliberal do governo Bolsonaro.

Segundo o Boletim de Conjuntura do Dieese, base fevereiro/março de 2022, “no período de 2019 a 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentará um crescimento médio de 0,5% ao ano (se se confirmar o crescimento estimado pelo Banco Central de 0,3% para 2022.) Esse desempenho só será melhor do que o verificado no período do governo Temer, entre 2016 e 2018, em que a economia recuou 0,13% ao ano, em média”.  Quanto à inflação, no período de doze meses encerrado em fevereiro deste ano, o índice acumulado registrou 10,54%, com impacto determinante de combustíveis e energia elétrica. O Banco Central referencia-se na política de metas de inflação. Para 2022, meta de 3,5%, admitindo-se variação de 1,5 ponto para mais ou para menos. A meta não foi cumprida em 2021 e, segundo analistas, não será em 2022. Assim, quase nada de crescimento médio e muito de preços em disparada.

O de sempre: elevar juros

Em 16 de março, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do independente Banco Central do Brasil elevou a 11,75% ao ano a taxa básica de juros (Selic). Em fevereiro de 2021, a taxa estava em 2% ao ano. Em seu comunicado, o COPOM mencionou, em cenário de sua análise, a oscilação de preços de commodities internacionais em razão do conflito Rússia-Ucrânia e “a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 apontou ritmo de atividade acima do esperado”.

Com taxas mais elevadas, pretende a autoridade monetária retirar dinheiro da economia encarecendo empréstimos e financiamentos e, assim, frear o consumo e, aos que dispõe de algum, incentivar a poupança. A soma das pretensões conteria os preços. Por isso, registrou o Copom, “é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, pois “essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.” Suavizar flutuações e fomento, aqui, significa menos crescimento e menos empregos. Desempregado consome nada ou quase nada.

Para analistas, entre eles Antônio Corrêa de Lacerda, presidente do Conselho Federal de Economia e professor-doutor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em entrevista Rede Brasil Atual, “a elevação de juros não irá resolver o problema atual da inflação brasileira”. E acrescenta: “Juro alto é um mecanismo clássico de combate às elevações de preço decorrentes de pressão de demanda, o que não é o nosso caso. Nossa situação é exatamente inversa. Há claros sinais de estagflação: inflação em alta, retração industrial crônica, elevada ociosidade da capacidade produtiva, desemprego expressivo e queda na renda”.

Grandes rentistas

A elevação da taxa favorece os grandes rentistas, negociadores de títulos da dívida pública, concentrados especialmente em instituições financeiras e, entre elas, as denominadas dealers – uma dúzia de bancos aos quais se confere a prioridade em negociar esses títulos para, em seguida, negociá-los em mercado secundário.

Em investimentos e recursos à economia real, essas operações significam nada.

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