Situação um: apelo de empregado
Em janeiro, bancário da Caixa de unidade vinculada à SEV Itaquera relatou, em vídeo:
Primeiro: a agência em que trabalhava, em duas semanas, fora fechada seis vezes, parcial ou totalmente, por conta de casos de Covi-19;
Segundo: houve dia em que todos os gerentes, daqueles com mais contato público, estiveram afastados em razão da contaminação por Covid-19;
Terceiro: em retorno de home office, empregada contaminou-se e enfrentava, então, recuperação difícil;
Quarto: o bancário entendia precipitado o retorno do home office imposto pela Caixa e bancos, seja por negacionismo ou pelo lucro acima de tudo. Dizia que a atitude dos bancos era inaceitável, mas até possível de entender. E concluía: “as nossas entidades baixarem a cabeça pra isso é muito difícil de engolir.”
Situação dois: denúncia de assédio na SEV Itaquera
Em fevereiro, a Agoraeparatodos publicou em seu Facebook denúncias de assédio encaminhadas por empregados de unidades da Superintendência de Varejo Itaquera. As denúncias davam conta de que “a superintendente Camila da Silva Tieghi Dacencio está ameaçando e inclusive formalizando MO de tirar a função de gerentes e mandando recados até para os que estão de licença por conta de COVID-19”.
O assunto foi encaminhado à Apcef e Sindicato de São Paulo. Em primeira conversa com a Caixa, foi definida “pesquisa de clima” para avaliar a situação.
Situação três: um nem, outro nem e a demissão que se anuncia
Os tais “MO” foram rasgados, por enquanto, o que tem gerado agradecimentos de potenciais vítimas da SEV. No entanto, nem a pesquisa de clima teve resultado até agora, nem as denúncias de assédio foram apuradas. O empregado em questão está sob a sanha da Corregedoria da Caixa, a pedido da titular da SEV Itaquera. Foi enquadrado por relatar fatos que ocorreram em sua unidade e enquadrado por reproduzir denúncias veiculadas por meio da Agoraeparatodos, cuja autoria nem mesmo lhe cabe, embora os inquisidores a ele tentem atribuir.
Nem os relatos nem as denúncias foram desmentidos. A Convenção Coletiva de Trabalho menciona obrigações de bancos relativas à Covid-19 e reconhece o direito à denúncia de assédio, o que nada valeu até agora.
As entidades às quais se pediu ajuda – Apcef São Paulo e Sindicato dos Bancários de São Paulo – procuraram a administração da Caixa inicialmente, vacilaram e não impediram a responsabilização do trabalhador. Agora, após novas conversas, entidades aguardam, pacientemente, respostas prometidas pela Caixa para este ou aquele dia.
É necessária ação muito mais contundente, antes que reste, apenas, alternativa judicial para reverter a absurda demissão anunciada.