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Pedro Guimarães cai, mas Guedes indica alguém da turma para substituí-lo na Caixa

Pedro Guimarães demitiu-se ou foi demitido da presidência da Caixa. Tanto faz. Trata-se, segundo se acusa, de contumaz assediador sexual. Trata-se também, por conta do cargo que ocupava, de contumaz assediador sexual e moral. Seus assédios foram denunciados por trabalhadoras da Caixa, relatam vários meios de comunicação. Esses meios dizem, também, que dirigentes da empresa tinham conhecimento dos fatos, mas se calaram. A ver que providências a Corregedoria da Caixa, sempre com faro aguçado ao que gente sem fama menciona em redes sociais, adotará a respeito desses dirigentes.

O agora ex-presidente da Caixa foi, registra a CNN, sócio sênior do BTG Pactual, instituição que teve entre seus fundadores Paulo Guedes, desde 2018 Ministro da Economia. Guedes indicou Guimarães para o cargo e, agora, indica a substituta, sra. Daniella Marques, secretária especial de Produtividade e Competitividade do ministério. A Revista Exame informa que Daniella foi sócia de Guedes na gestora de recursos Bozano Investimentos entre 2013 e 2018. E há quem acredite em mercado como sinônimo de técnico.

Pedro Guimarães era parceiro constante de Bolsonaro, frequentemente ladeando o presidente da República em lives, lanchas no litoral, motociatas, inaugurações, viagens e – ato singelo, há que se reconhecer – consumindo pizza em calçada de New York, uma vez proibida a entrada no restaurante por não se cumprir a exigência de vacinação.

Na Caixa, se envaidecia de lucros elevados, mas lucros não resultantes da atividade operacional, da atividade bancária: os lucros foram garimpados no patrimônio vendido e na partilha de balcão com concorrentes. Nos números que, de fato, fortalecem a presença do banco, só retrocesso: encolhimento de fatias de mercado em contas de poupança, em operações de crédito, em depósitos à vista, em CDB etc. etc. Aliás, na gestão Guimarães abrir poupança na Caixa tornou-se um desafio! Na infraestrutura, situações bizarras: a ânsia de entregar sedes fez da Caixa uma instituição de espaços insuficientes para abrigar os trabalhadores, eles mesmos, vale recordar, já em número inferior à necessidade de trabalho.

Enfim, Guimarães, especialista em privatizações graduado nos Estados Unidos, foi colocado na Caixa para aplicar sua especialidade: entregar ao interesse privado, interesse de poucos, o patrimônio público, por definição patrimônio de todos. Foi castigado por sua atitude pessoal desprezível, embora vá gozar de quarentena bem remunerada em centenas de milhares de reais.

Bolsonaro, Guedes e porta-vozes do mercado lamentam a demissão, o que se caracteriza, por si só, indicador de que a saída de Pedro Guimarães é ótima para a Caixa e, por extensão, para o país.

Mas a realidade não permite otimismo:  Bolsonaro e Guedes ainda dispõem de muitos meses e a indicação de Daniella Marques faz lembrar o jornalista Barão de Itararé: de onde menos se espera, daí é que não sai nada. No caso, nada de bom.

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