Economia

A renda mensal não alcança o mês e a queda de preços não alcança o pobre

A Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE, referência para análise de facilidades ou dificuldades de acesso das famílias brasileiras à alimentação, transporte, saúde e lazer, revela as desigualdades em relação à renda no país. Para a maioria, renda mensal bem mais curta que o mês não é choro: é fato.

Das famílias brasileiras, 72,4% estão entre aquelas que encontram dificuldade (14,1%) ou muita dificuldade (58,3%) em fazer a renda alcançar o mês. Os 27,6% restante são famílias com facilidade (26,5%) ou muita facilidade (1,1%). Se observadas as grandes regiões, os 14,1% com muita dificuldade estão distribuídos no Nordeste (5,2%) e Sudeste (5,4%). No entanto, há que se considerar que esses percentuais, embora próximos, revelam dificuldade muito maior no Nordeste, que concentra 27,3% da população do país, enquanto que no Sudeste vivem 42,2%. (Tabela 1). Além desses indicadores, o IBGE registra que, se classificadas por cor ou raça, 27% das famílias brancas estão entre as que enfrentam dificuldade ou muita dificuldade; se pretas ou pardas, 44,4%.

Inflação

Quanto menor a renda da família, maior a destinação de seu orçamento ao básico, no caso a alimentação. Assim, a inflação acumulada a cada mês tem peso distinto segundo o ganho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mensura a variação de preços da cesta de produtos e serviços, classificados em nove grupos, de famílias com renda entre um e quarenta salários-mínimos. No acumulado do período de doze meses encerrado no mês indicado (gráfico 1), os preços da alimentação em domicílio e fora do domicílio sofreram elevação maior que o índice geral de dezembro de 2020 a outubro de 2021 e de março a julho de 2022. Variações abaixo, portanto, apenas em quatro meses, de novembro de 2021 a fevereiro de 2022.

Reajuste salariais, para aqueles de têm salário, não consideram impacto orçamentário da variação de preços na remuneração por padrão de consumo. A família de baixa renda enfrenta, em regra, inflação mais elevada e correção de renda inferior. E, ainda assim, essa correção de renda é quase coisa de privilegiados no Brasil atual, caracterizadamente definido como um país de não empregados, de autônomos dos bicos e de dependentes de benefícios sociais de valores achatados e com prazo de validade eleitoral.

Se considerado apenas o período de doze meses encerrado em julho de 2022, o IPCA acumulado foi de 10,07%, índice superado pelos preços de produtos e serviços dos grupos Alimentação, Artigos de Residência, Vestuário e Transportes.

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