Terceiro e último artigo da série destacando resultados da Caixa no primeiro semestre de 2023.
Estrutura
Muitas das operações bancárias rotineiras, até a primeira década dos anos 2000 realizadas predominantemente por meio de bancários, são agora executadas pelos próprios clientes. Ganho para os bancos, que deixam de contratar trabalhadores e faturam alto com a cobrança de tarifas dos clientes que as executam.
Na Caixa, no primeiro semestre de 2023, foram 14,9 bilhões de transações, crescimento de 59,5% em comparação ao mesmo período de 2022. Desse total, 12,5 bilhões, ou 84%, por meio de smartphones. Há que se registrar, ainda, que 7,7% das transações se deram em casas lotéricas, aí não incluídas as apostas. Lotérica é o banco sem segurança e com o trabalhador bancário não reconhecido como tal.
Canais que reduzem significativamente a presença de clientes em unidades físicas não aliviam, no entanto, a carência de mão de obra na Caixa. A natureza do atendimento, hoje, é diferente, demanda muito mais tempo e especialização. A quantidade de pessoal é, reconhecidamente, insuficiente. Basta observar o tempo que cada cliente aguarda sentado ou em pé, do lado de dentro ou de fora da unidade.
Número de empregados: mais contratações não elevam o total
Diz o Relatório de Administração do primeiro semestre que a Caixa contratou 800 concursados, inaugurou 24 agências e 34 lotéricas. Mas o saldo desse crescimento, com base no Relatório de Análise de Desempenho, foi negativo: em 30 de junho a Caixa registrava 86.473 empregados, 486 menos que os 86.959 de dezembro de 2022; em agências e postos, observadas essas datas, 4.281, menos nove em relação às 4.288 de antes; lotéricos, 13.344 ante 13.394, menos 50.
Em dezembro de 2014, a Caixa registrava 100.677 concursados para 78,3 milhões de clientes e 4.205 agências e postos de atendimento. O número de concursados encolheu 14.204, enquanto o de clientes quase dobrou: dos 78,3 milhões de 2014 aos 151,4 milhões de junho de 2023. Em contas bancárias, 230 milhões, das quais 212,9 milhões na modalidade poupança e 17,8 milhões correntes.
Atendimento social
A Caixa informa terem sido pagos no primeiro semestre de 2023 R$ 78,2 bilhões por meio do Bolsa Família; R$ 67,6 bilhões, INSS; R$ 24,1 bilhões, seguro-desemprego; R$ 18,2 bilhões, abono salarial. São R$ 190 bilhões que giraram a economia, proporcionados por programas dos quais, em alguns casos, o sistema privado foge, como fugiu quando do necessário atendimento aos beneficiados em razão da pandemia. De toda forma, são atividades com a contrapartida de tarifas elevadas, que, somadas a de outros serviços de governo – para os quais a iniciativa privada cresce o olho, como a gestão do FGTS e Loterias – representam uma terço da arrecadação em tarifas da Caixa.