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Bom momento para a negociação, diz a Funcef: mas é a negociação de quem com quem?

Caixa e Funcef em conluio, participantes excluídos do debate e da negociação: a campanha salarial deste ano deve incorporar o tema previdência entre suas prioridades.

No Podcast publicado no portal Funcef, que trata da redução de alíquota de contribuição extraordinária do equacionamento, com a contrapartida de ampliação do tempo exigido de  recolhimento dessas contribuições e o corte pesado de direitos no Reg/Replan Saldado, a Coordenadora da Comunicação da Funcef, Assunção Leal, pediu que os dirigentes da Fundação ali presentes falassem sobre a importância do “momento tão favorável de diálogo com a patrocinadora, com as entidades representativas, para que esses avanços todos estejam sendo construídos”.

Entidades representativas de participantes, embora mencionadas por Assunção, não foram admitidas no grupo de trabalho, composto por Funcef e Caixa, que elaborou as medidas agora anunciadas. Também não foram chamadas a negociar. Aliás, tais medidas, que Assunção rotulou de avanços, têm sido rejeitadas publicamente pelas mais representativas dessas entidades.

Certamente de maneira inadvertida, o Diretor de Administração e Controladoria da Funcef, Rogério Vida, atestou o alijamento da representação de participantes da elaboração e discussão de alternativas. Disse ele no Podcast que as entidades “estão sendo convidadas para assistir à apresentação e para que seus dirigentes possam tirar as dúvidas”. E acrescentou: “possam retornar às suas bases com a melhor informação possível para o entendimento completo dessa proposta que é muito ampla”. Em resumo: assistir, tirar dúvidas e levar o recado.

Por sua vez, o Presidente da Funcef, Ricardo Pontes, registrou que “passo importantíssimo na solução de problemas” – referindo-se aos tais “avanços” – “só foi possível graças a esse entendimento que nós temos entre Caixa, nossa patrocinadora, e a diretoria Funcef”, ressaltando, ainda, que “toda nossa diretoria, estamos trabalhando em harmonia muito grande, com entendimento fantástico entre nós quatro”.

Carlos Vieira, Presidente da Caixa, não foi esquecido nas loas. Ricardo Pontes destacou que a busca de alternativas “avançou muito depois da entrada do Presidente Carlos Vieira”. Ricardo Vida parabenizou “o pessoal do GT e, logicamente, o Presidente Carlos Vieira por ter tido a sensibilidade de permitir esse estudo e ter chegado a esse momento”.

A Funcef é pessoa jurídica administradora de planos de benefícios, sendo remunerada pelos participantes e pela Caixa para tanto. Seu orçamento e fundo administrativo não se misturam com os recursos dos planos de benefícios, tampouco são utilizados para socorrê-los. No entanto, os dirigentes da Funcef de gestões recentes, incluindo a atual, consideram-se porta-vozes dos participantes, usurpando o lugar de entidades representativas de trabalhadores. A direção da Caixa, óbvio, conduz alegremente o processo.

As alterações agora pretendidas somam-se àquelas impostas desde 2021 no estatuto da Fundação, no Reg/Replan Não Saldado, na forma anunciada de incorporação do Reb pelo Novo Plano, todas em prejuízo dos participantes. A seguir essa metodologia, em breve as vítimas serão aqueles vinculados ao Novo Plano.

A campanha salarial deste ano deve considerar o tema previdência como prioritário no debate e no processo de negociação com o banco. Necessário por um fim ao conluio Caixa e Funcef.

Leia mais em

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