A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 4,583 bilhões no primeiro trimestre de 2021. Esse resultado é 50,3% superior ao do mesmo período de 2020, então em R$ 3,049 bilhões. Há que se destacar, no entanto, que contribuiu enormemente para tal variação a rubrica Resultado Não Operacional, que no primeiro trimestre de 2020 totalizara R$ 61 milhões e, agora, R$ 1,477 bilhão.
A diferença nessa rubrica é consequência de acordos realizados em 2020 pela Caixa com as seguradoras Tokio Marine, Icatu Seguros, Tempo Assist e CNP Assurances, com aporte de recursos em 2021 pela franquia do balcão Caixa, por onde passam 145 milhões de clientes. Sócios privados partilhando ganho em produtos consolidados. Para a Caixa, o aporte pela franquia não será recorrente. O ganho excepcional terá, ao final do exercício, o endereço do Tesouro Nacional e sua política de descapitalização de estatais.
Embora a direção da empresa comemore números e mencione recordes, deve-se observar que o resultado bruto da intermediação financeira – atividade-fim de um banco – foi 2% superior em razão de o custo de capitação de recursos ter-se reduzido 27,3%, compensando a redução também observada nas receitas de intermediação, que encolheram 12,1%.
Mercado
A Caixa continua perdendo participação no mercado: em março de 2020, ela detinha 37,8% dos depósitos em poupança, percentual que, no mesmo mês de 2021, foi de 36,4%. Sempre considerada a fatia de mercado nos mencionados meses, a soma de depósitos à vista de 17,6% caiu a 16,1%; CDB, de 7,5% a 4,1%. As participações em crédito à pessoa física e jurídica somaram 19,3% do mercado, ao menos mantendo-se nos últimos doze meses – mais adequado, talvez, dizer que a perda observada desde 2016 se estancou. A Caixa continua reinando em habitacional, com 68,3% de participação. Esse segmento soma R$ 515 bilhões dos R$ 799 bilhões da carteira total de crédito da Caixa.
Despesas de pessoal e receita com tarifas
As despesas de pessoal se elevaram de R$ 5,227 bilhões a R$ 5,411 bilhões na comparação entre os trimestres, variação de 3,53%. O porcentual é inferior à variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período, 6,94%. Redução, portanto, em termos reais.
De março de 2020 a março de 2021, a Caixa eliminou 2.237 postos de trabalho. O número de empregados caiu de 84.113 para 81.876. Ao mesmo tempo, o número de clientes cresceu 42 milhões.
Receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias totalizaram, no primeiro trimestre de 2021, R$ 5,683 bilhões, com queda de 1,9% em relação ao montante do primeiro trimestre de 2020, R$ 5,794 bilhões. As receitas de prestação de serviços e tarifas equivaleram a 105% das despesas de pessoal no trimestre. A exemplo de outras instituições financeiras, a Caixa não precisa comprometer nada de sua atividade-fim para cobrir esse custo.
Conclusão
Lucro inflado por venda de ativos, perda de mercado em segmentos ao gosto de concorrentes, privatização de ganho em produtos tradicionais e que se valem da credibilidade Caixa, corte de pessoal.
Esses indicadores repetem o que se observa desde 2016: Há, claramente, reorientação estratégica quanto à atividade da Caixa. A busca é por resultados efêmeros, não recorrentes, no lugar de políticas de fortalecimento da empresa.