No primeiro semestre de 2022 o lucro líquido contabilizado pela Caixa foi de R$ 4,374 bilhões, montante 59,7% inferior ao do mesmo período de 2021, R$ 10,8 bilhões.
Em seu Relatório de Administração, a direção comenta que o lucro de agora reforça a “capacidade do banco em manter resultados sustentáveis e consistentes”, maneira de evitar, de cara, menção à redução de quase 60%. Mas há que se ressalvar: o de 2021, de fato, inclui-se na lista dos números inchados, ficção típica da gestão de Pedro Guimarães, o indicado por Bolsonaro: a receita não operacional, em grande medida resultado da venda de participação na Caixa Seguridade, acrescentou R$ 6,879 bilhões no lucro do ano passado. Não é coisa da operação do banco, mas leilão de patrimônio arrematado pelos interessados em balcão por onde passam dois terços da população do país, potenciais consumidores de serviços há muito consolidados. Os novos sócios são partícipes de lucro que viria mesmo sem eles.
De toda maneira, os números do primeiro semestre de 2022 não demonstram mudança significativa ante a ilusão do ganho não recorrente de 2021: o resultado bruto da intermediação financeira caiu 8,2% e o resultado operacional, 51,6¨%. As receitas de intermediação ganharam fôlego com operações de crédito, mas despesas cresceram bem mais, consequência das taxas de juros em alta para a captação de recursos, diz a Caixa.
Fatias de mercado
À exceção do Agronegócio, com incremento elevado, as fatias de mercado detidas pela Caixa nos diversos segmentos caíram ou, quando muito, oscilaram residualmente. Em junho de 2022, a Caixa detinha 36,2% dos depósitos em cadernetas de poupança, 0,75 ponto acima do percentual de dezembro de 2021, mas 1,8 ponto abaixo de dezembro de 2016, início da série aqui destacada. Nessa comparação, também se entregam à concorrência nacos dos depósitos à vista e das operações de crédito com pessoas físicas e pessoas jurídicas.
Recursos de clientes
Em depósitos e outras operações, a Caixa contabilizou em junho de 2022 R$ 576,4 bilhões. A variação em relação a dezembro de 2021 foi positiva, mas residual: 0,58%. Depósitos à vista encolheram R$ 4,1 bilhões, menos 8,6% em seis meses transcorridos. Poupança cresceu pouco, R$ 1,6 bilhão, 0,4%. Evolução significativa constata-se em Depósitos Judiciais, R$ 11,35 bilhões, mais 11,1%.