Já comentamos anteriormente neste espaço sobre dois problemas que identificamos na pauta de reivindicações/minuta de ACT aditivo Caixa para a Campanha dos Bancários de 2022, diga-se, não divulgada pela Contraf, mas tivemos acesso a ela e reproduzimos (CONTRAF_ Pauta_CAIXA_2022).
O primeiro artigo (https://agoraeparatodos.com.br/funcef-o-que-se-incluiu-na-pauta-de-reivindicacoes-deste-ano/) diz respeito à Funcef, cujos itens incluídos, não fazem referência aos maiores ataques que estão sendo desferidos pelo governo a todos os planos de previdência dos empregados de estatais e pela direção da Caixa especificamente aos nossos planos de previdência.
O segundo é sobre o Saúde Caixa (https://agoraeparatodos.com.br/contraf-exclui-da-campanha-salarial-as-reivindicacoes-relativas-ao-saude-caixa/), que sequer é mencionado no documento sob o pretexto de haver “garantia” de manutenção dele até 31 de agosto de 2023, em razão do malfadado aditivo assinado no final de 2021, com validade de dois anos, cujos argumentos contra essa assinatura já foram sobejamente explicitados.
Desta vez, o tema que nos faz voltar à mencionada minuta é o programa Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), consignado na cláusula 67, na qual se reivindica à Caixa sua negociação com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE)/Contraf.
Causa estranhamento a inversão da estratégia em relação ao programa, pois desde que a Caixa apresentou, em 2015, a versão 0 do RH 205 – GDP, as entidades e os delegados de todos os fóruns deliberativos dos empregados se posicionaram unanimemente pela revogação completa desse normativo, rechaçando a totalidade de seu teor, por entender se tratar de um instrumento altamente prejudicial à saúde dos trabalhadores, pois aumenta ainda mais a pressão por produtividade, vinculando o processo de ascensão na carreira diretamente ao cumprimento de metas, estabelecidas de forma individualizada e arbitrária, embora, pretensamente democrática.
A negociação proposta na minuta, além de admitir o princípio da meritocracia na progressão funcional – no mínimo polêmico e cuja complexidade não nos permite aprofundar o conceito neste artigo –, aceita a vinculação de metas individuais como critério de avalição, menosprezando a importância do trabalho em equipe e estimulando o individualismo.
O GDP ainda prevê o estabelecimento das metas “negociado” entre o gestor e seus comandados, individualmente, provocando a falsa impressão de que o próprio empregado teria a prerrogativa de escolher a forma como realizará seu trabalho durante o ciclo definido no normativo; e ainda estigmatiza os empregados com desempenho aquém do esperado os classificando como “incipientes” na conclusão do ciclo.
Essas e outras críticas ao modelo do GDP justificaram, no passado recente, sua total rejeição pelo movimento organizado dos bancários da Caixa. A pergunta a ser feita é: o que teria mudado positivamente no programa para o tornar aceitável, a ponto de, com eventuais pequenas melhorias, ser defendido pelas entidades sindicais?