A análise é do Dieese, em boletim de junho de 2022: “Atualmente, a energia gerada por 20 hidrelétricas da Eletrobras tem o valor regulado. Para atender principalmente o consumidor residencial, entra no sistema elétrico brasileiro a preço de custo”. O “atualmente” será substituído por “até ontem”: por iniciativa do governo Bolsonaro, o controle da Eletrobras foi privatizado em 9 de junho com a oferta de ações em mercado nacional e em bolsas dos Estados Unidos. As ações foram negociadas ao valor unitário de R$ 42, 4% inferior à cotação em mercado no dia, com total arrecadado de R$ 33,6 bilhões. O valor é pouco superior à receita operacional líquida dessa Companhia em apenas um ano, R$ 30 bilhões.
Com a privatização, diz ainda o Dieese, “a energia dessas usinas será comercializada a preços maiores, com repasse para a conta de luz”. O custo, de acordo com especialistas, terá adicional entre 15% e 25%.
Para o negócio, foi autorizada a aplicação de saldos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por meio do Fundo Mútuo de Privatização da Eletrobras, o que teria movimentado R$ 9 bilhões, R$ 3 bilhões acima do inicialmente permitido. Segundo o Portal Brasil 247, “os controladores da empresa são fundos locais e internacionais. Os maiores acionistas privados agora são o grupo 3G, de Jorge Paulo Lemann e seus sócios na Ambev, e o Banco Clássico, de José Abdalla Filho“.
Com a privatização, o Brasil despreza tendência observada em países desenvolvidos: dos dez maiores geradores de energia de fonte hidrelétrica no mundo, segundo o Dieese, oito mantêm controle estatal de mais da metade da capacidade instalada das usinas, entre eles Estados Unidos, onde esse controle é de 75%; na França, 79%; no Canadá, 88%; Noruega, 90%, China 100%.