Nesta última parte da trilogia sobre a Ditadura Militar no Brasil pretendemos demonstrar mais um ledo engano que se comete ao defender um governo de militares – a ideia de que eles defendem a soberania nacional.
Os militares se associam à ideia de defesa da pátria, da nação. Mas não é bem assim.
Em todo o mundo vemos os militares no poder entregando as riquezas nacionais deixando o povo na miséria, enquanto eles próprios ficam ricos! Isso ocorre em países de todos os continentes, mas é mais frequente nos países mais pobres.
Como vimos anteriormente, um governo militar tem a característica de ser autoritário e despótico. Governa com mão de ferro e não aceita críticas.
Isso cria uma “calmaria” na sociedade, já que não podem haver manifestações. Aproveitando dessa calmaria eles fazem o que querem.
Para começar, fazem negócios com empresas privadas de grandes grupos econômicos, entregando minérios, garantindo a produção das fábricas em seu país sem greves, abrem a economia aos países ricos sem fazer nenhuma restrição econômica. Se tornam “sócios menores” dos grandes negócios internacionais.
Assim, conseguem a simpatia das grandes corporações e dos países ricos, que fazem de conta que não enxergam as repressões, prisões e torturas da classe trabalhadora que se rebela contra a Ditadura.
O Brasil está perdendo a soberania
Hoje não temos uma ditadura no Brasil, mas com o governo Bolsonaro os militares voltaram ao poder. Como vivemos atualmente um regime democrático burguês fica fácil demonstrar publicamente como as coisas estão funcionando, ao menos aquelas que aparecem.
As privatizações são o meio mais “legal” de se fazer a entrega da nação. O petróleo é hoje a maior riqueza dos países que têm reservas em seu território.
O Brasil encontrou enormes reservas de petróleo no Pré-Sal, algo suficiente para deixar nosso país rico! Na Noruega, com muito menos petróleo, aquele país estatizou a produção e direcionou os recursos para a educação. Hoje estão sobrando recursos da educação do povo norueguês, que atingiu uma excelência nesse quesito.
Aqui, desde FHC, os sucessivos governos vêm realizando privatizações da área de exploração, refino e transporte do petróleo. Mas é neste governo Bolsonaro, de militares, que o país está assistindo ao desmonte da Petrobrás e a entrega da produção, refino e transporte do petróleo nas mãos de empresas multinacionais privadas.
A denúncia é feita pelos próprios petroleiros, para que ninguém tenha dúvidas. Também estão entregando os Correios, a empresa mais antiga da nação! Há indicativos que a Amazon está interessada na compra da estatal.
A Caixa também está entrando na linha de liquidação. Já foram a Caixa Seguros e o Pan Americano.
Mas isso não para nas estatais e minérios. A Amazonia tem perdido milhões de hectares de florestas, cujas madeiras centenárias e altamente valiosas são exportadas por madeireiras ligadas a grandes grupos internacionais.
A água, um recurso estratégico igual ou maior que o petróleo, também está em processo de privatização. E são os grandes grupos internacionais que estão por trás desses negócios.
Também a saúde, a educação e a previdência social estão sendo privatizadas. Bancos e grandes grupos econômicos internacionais estão entrando nesses negócios, enquanto o Estado vai saindo.
O próprio território nacional é entregue. Alcantara, no Maranhão, é o local mais privilegiado do mundo para se lançar um foguete, pela sua localização geográfica junto à linha do Equador. Esse território, que durante muitos anos o Brasil veio construindo um centro de pesquisas espaciais e de lançamento de foguetes, está agora sob o controle dos EUA.
O Brasil não precisa de militares no governo!
Portanto, conforme demonstramos nos três artigos, os militares são iguais ou piores que muitos políticos profissionais. Infelizmente, não houve no Brasil uma abertura dos arquivos da ditadura, nem um julgamento dos crimes cometidos naquela época.
Isso impediu desmascarar a farsa de governos militares como sendo sérios, honestos e defendendo os interesses da nação.
Porém, inúmeros artigos têm surgido demonstrando a verdade sobre esses governos. Agora mesmo, na CPI da Covid estão sendo apresentadas inúmeras denúncias de corrupção, envolvendo militares das altas patentes das forças armadas.
É por isso que os trabalhadores precisam ganhar uma consciência de classe, se organizar e lutar para se ter um governo seu. Nada de patrões, dos militares ou de igrejas.
Um governo que defenda saúde e educação públicas e de boa qualidade. Defenda a preservação da Amazonia e do Pantanal; a exploração do petróleo, ferro, urânio, ouro, nióbio, água e todos os minerais, pelo povo brasileiro. Que reestatize empresas como Embraer, Vale do Rio Doce, CSN, Usiminas e Cosipa, e estatize os transportes e o sistema financeiro.
Que não tenha corrupção, pois torne bastante transparente todas as contas públicas, que incentive a participação dos trabalhadores nos sindicatos e associações e que estes ajudem a controlar as contas públicas.
Esse é o melhor caminho para a classe trabalhadora.