O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM) elevou em junho a taxa básica de juros (Selic) a 13,25%. Foi a décima primeira alta desde janeiro de 2021 e, em relação à taxa de junho desse ano, 4,25%, mais nove pontos. Se comparada à de junho de 2020, 2,25%, mais onze pontos.
Ao elevar a taxa básica a autoridade monetária pretende tornar proibitivos financiamentos, empréstimos e incentivar aplicações financeiras, claro que àqueles que ainda dispõem de algum. Com isso, diz a teoria liberal, cai o consumo e, com ele, a inflação.
A realidade, no entanto, teima em não se ajustar à teoria: no período de doze meses encerrado em maio de 2020, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulara 1,88%, em maio de 2021 saltou a 8,06% e, em maio de 2022, a 11,73%. Há quem sustente a necessidade de tempo entre elevação da taxa e efeito nos preços. Há, por outro lado, quem lembre que o IPCA sofre impacto em itens de alimentação e, desde 2016, na variação acentuada de custos de energia, aí incluídos gás de cozinha, diesel, gasolina e o etanol a ela misturado cujos preços, na prática, estão dolarizados. Nem alimentos nem combustíveis oscilam por conta da Selic.
Dívida pública
Onde, efetivamente, a variação da taxa básica influencia é na nunca questionada, embora jamais auditada e sempre mantida para rolagem, dívida pública. A prática, aqui, permite inferir o porquê: os maiores detentores de dívida mobiliária, base março de 2022, são as instituições financeiras, com 29,5% do total, os fundos de investimento, com 23,3%, e fundos de previdência, outros 22,89%. São R$ 4,042 trilhões, ou 75,6% do estoque de R$ 5,342 trilhões em títulos. O rentismo não destina esse dinheiro à economia real, aquela que gera emprego e eleva a oferta, variáveis que não preocupam o governo Bolsonaro e o independente Banco Central.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), dívida líquida e dívida bruta crescem. A líquida, que contabiliza débitos e créditos do setor público não financeiro, correspondia em abril de 2022 a 58,6% do produto; a bruta, que desconsidera tais créditos, a 78,3%. Observada a série histórica iniciada em 2006, a dívida mostra-se decrescente até 2013 e inverte a curva a partir de 2014. A economia patina, a renda cai, a produção de riqueza é próxima de zero, quando não negativa.