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E segue a luta de um trabalhador da Caixa contra a sanha punitiva do banco. Mas punir por quê? Porque punir serve de exemplo a quem mais se atreva a expor mazelas de gestores da Caixa.

Contexto: em janeiro, bancário da Caixa publica vídeo apelando a entidades sindicais para que intercedam em defesa dos trabalhadores de sua unidade, vinculada à Superintendência de Varejo de Itaquera: em duas semanas, a agência interrompera o atendimento ao público por seis vezes, pois quase todos os trabalhadores (empregados Caixa e contratados) foram em algum momento contaminados por Covid. Mas, para a Superintendência, a Covid foi coisa negada: metas eram objetivo único, a serem alcançadas por gente contaminada ou não. Em fevereiro, esse bancário retransmitia, por rede social, denúncia de assédio moral envolvendo a mesma Superintendência. Ele foi autor da denúncia? Não. Ele publicou a denúncia? Não. Aqui cabe a redundância: ele retransmitiu denúncia já publicada.

Providência da Superintendência, endossada por seus superiores: solicitar à Corregedoria da Caixa abertura de processo de apuração contra o bancário. E em relação à inviabilidade do atendimento? Nada. E em relação à denúncia de assédio? Nada.

Bancários da Caixa, por sua conta, estão se movimentando para tornar pública a sanha punitiva. O manifesto que agora reproduzimos é parte desse movimento. Algumas entidades e militantes já o subscreveram. A quem mais puder endossá-lo, certeza de que o endosso é forma de resistência à arbitrariedade do banco.

“CAIXA quer calar ativista através de processo disciplinar injusto. Ajude a defender Sérgio Soares da perseguição política e a combater o assédio moral.

 Sérgio Soares é funcionário de carreira da CAIXA há 32 anos. Trabalha na Agência Guaianases, na Zona Leste de São Paulo. Já foi diretor da Associação de Pessoal da CAIXA de SP (APCEF SP), do Sindicato dos Bancários de Guarulhos e da Federação Estadual dos Trabalhadores das Empresas de Crédito de São Paulo (FETEC SP). É amplamente reconhecido pela sua luta em defesa dos direitos de trabalhadores bancários. Numa cidade em que 32% da população é negra, Sérgio Soares é membro de uma minoria na CAIXA, onde ainda há poucos funcionários negros e negras.

A CAIXA está tramitando um absurdo processo disciplinar que pode até puni-lo com demissão, acusando-o de ter “dolosamente” agido para “prejudicar a imagem da CAIXA e de agente público da CAIXA”.

As provas que a CAIXA apresenta são: 1) um compartilhamento no Facebook de postagem com denúncia de assédio moral, originada por página do movimento independente AgoraÉParaTodos, e 2) a postagem de um vídeo exigindo que as entidades sindicais auxiliassem na garantia de condições sanitárias de trabalho durante a onda da variante Ômicron da COVID 19.

Para qualquer pessoa que leia o conteúdo da postagem – que sequer foi escrita por Sérgio Soares -, ou assista ao vídeo gravado por ele, fica claro que a CAIXA busca intimidação. Os executivos da CAIXA que provocaram o processo disciplinar tentam calar o movimento sindical. Diante de denúncias de assédio moral, a empresa, em vez de coibir a prática ilegal de alguns gerentes e superintendentes, intimida os denunciantes com suas armas administrativas.

O que prejudica a imagem da CAIXA é a insuficiência de empregados para atendimento (seja por adoecimento ou falta de contratações). O que tem prejudicado a CAIXA é a cobrança de metas inatingíveis de vendas de capitalização e seguros em plena pandemia, enquanto as filas alongam-se.  Por fim, o que tem desvalorizado a CAIXA é a política de Bolsonaro para a empresa, resultando perda de participação de mercado desde o primeiro dia do governo. Contra tudo isso e pela pujança  da CAIXA 100% PÚBLICA, os movimentos associativos dos trabalhadores lutam – e o processo disciplinar em questão quer reprimi-los.

Abaixo assinados, exigimos que a CAIXA anule imediatamente o processo disciplinar civil em que, injustamente, se acusa o ativista negro e trabalhador da CAIXA Sérgio Soares. Exigimos também que a empresa apure as denúncias de assédio moral no prazo determinado pelo Acordo Coletivo de Trabalho e tome providências no sentido de extirpar a prática na CAIXA.”

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