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GDP CAIXA 2021: feedback vai virar campo de batalha

Na literatura de administração de empresas, é dado grande valor às chamadas reuniões de feedback, quando o gestor imediato dedica-se a avaliar seu subordinado com o objetivo de aprimorar o trabalho realizado. Das 20 páginas do manual dedicado ao sistema do GDP (Gestão do Desempenho de Pessoas), cerca de um terço de uma página é dedicado ao “feedback”.

Por se tratar de um momento de avaliação, sempre existe tensão e risco no uso desse tipo de ferramenta de controle e gestão de equipes. Porém em 2021, a implantação da curva forçada no GDP CAIXA deixa claro que o conflito será exacerbado. Pela nova regra, não importa qual o desempenho registrado, apenas e no máximo 30% dos trabalhadores de uma unidade pode ser considerado de “desempenho superior”, dos quais apenas 5% pode ser considerado “excelente”. E, na parte de baixo da tabela, forçosamente no mínimo 5% dos trabalhadores da unidade têm que ser enquadrados no pior desempenho, chamado de “desempenho não atende”.

Sem verdade, sem amor

Dessa maneira, não importa qual a realidade do trabalho desenvolvido, no mínimo 1 trabalhador de uma equipe com até 20 pessoas, será rotulado de “desempenho não atende”. E numa equipe em que houver espírito de trabalho coletivo, apenas 30% pode ser reconhecido como desempenho superior.

Pela regra, essa matriz de enquadramento forçado deve ser comunicada a cada empregado através das reuniões de feedback. O que acontecerá com o feedback daqueles colegas que foram rebaixados arbitrariamente para que a unidade de trabalho se enquadre no manual?

Segundo os manuais de administração de empresas e gestão de pessoas, o feedback deve ser dado “com verdade e com amor”. Pelo novo modelo proposto pela gestão de Pedro Guimarães, o resultado que ficará registrado no sistema não refletirá a verdade. E quanto ao sentimento do gestor,  ou será frio porque arbitrário – ou poderá refletir práticas abomináveis e ilegais como vingança e assédio moral. No melhor dos casos, por mais que a chefia da unidade tente justificar suas boas intenções de alguma maneira, um reenquadramento forçado sempre deixará margem para a pergunta: “por que eu”?

O quadro acima, retirado de uma apresentação de treinamento corporativo sobre comunicação no trabalho, ilustra o resultado que será obtido com a “curva forçada”: agressividade, descrédito, revide, raiva, conflito, fuga, mágoa, inimizade. O modelo incentivará que o ambiente de trabalho torne-se antissocial, competitivo e tóxico.

Por sua vez, os gestores queixam-se da ausência de tempo para conversar com sua equipe, pois assumiram grande parte das tarefas operacionais, devido aos sucessivos PDV’s. O relato mais comum é de que os acordos de objetivos individuais são frequentemente feitos de forma açodada, gerando impacto no resultado da avaliação ao final do ciclo.

Somados todos estes pontos, estamos nos encaminhando para uma tragédia humana no feedback do ciclo 2021. É preciso combater o modelo de gestão baseado no mito da meritocracia e pensar na valorização da coletividade, sem metas individuais. A curva forçada precisa ser retirada do manual imediatamente. E para quem pensa não só a CAIXA, mas um país mais justo: combater a mentira e o ódio nunca foi tão necessário.

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