Movimento

Internacionalismo – o Brasil é parte do que acontece no mundo

“Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!”

Karl Mark

 As lutas começam a irromper por todo o mundo

Frente a toda a desgraça político-econômica-social-sanitária, começam a ocorrer lutas importantes em vários países no mundo, mesmo diante do quadro da pandemia.

Desde os EUA, onde assistimos a um levante de massas contra o racismo, até Myanmar, com uma ditadura feroz, passando pelo continente africano, Oriente Médio e América Latina, a classe trabalhadora se levanta em lutas heroicas.

Hong Kong – conflito entre o povo, que luta por liberdades democráticas, e o governo da China, que pretende implantar seu regime de ditadura. As manifestações continuam a ocorrer, apesar de inúmeras prisões e da criminalização dos movimentos sociais e ativistas.

Myanmar – segue a luta pela democracia contra uma ditadura militar corrupta, que tem a cúpula militar se enriquecendo desde o governo e não quer abrir mão para um governo eleito democraticamente. Grandes mobilizações e greves operárias importantes seguem ocorrendo, apesar da forte repressão com prisões e mortes de ativistas.

Palestina – o Estado de Israel segue sua política expansionista de usurpação do território da Palestina e de opressão e massacre ao povo palestino. Novos conflitos explodiram com uma intensa mobilização popular palestina, inclusive, com a luta armada contra o sionismo imperialista.

Moçambique, Nigéria, Senegal, Guiné Bissau – de norte a sul na África, ocorrem conflitos muito fortes por questões econômicas, sociais, de saúde e políticas. São desde greves de categorias até mobilizações de massas.

Bolívia, Paraguai, Chile, Colômbia – têm ocorrido conflitos importantes na América Latina em defesa das questões econômicas, das liberdades democráticas e da vacina. As massas desses países têm dado um grande exemplo de luta e obtido grandes conquistas.

No Brasil, o descontentamento crescente com o governo Bolsonaro vinha produzindo um aumento nos índices de rejeição ao governo, que acabou explodindo nas manifestações do último dia 29 de maio. É preciso ver se essa tendência mundial de crescimento das lutas trará, ao Brasil, os ventos dessas fortes mobilizações e que venham a derrubar esse governo.

O Brasil não é uma realidade à parte, vivendo e sofrendo fatores alheios a outros países. Ao contrário, refletimos a realidade mais geral da sociedade e do sistema capitalista.

Todos sabem que o comércio é mundial. Alguns sabem que a produção também o é, mas poucos sabem que a política é mundial.

E quando falamos em política, estamos falando da dominação da sociedade por uma classe, da luta de classes, isto é, dos interesses antagônicos entre a classe trabalhadora e a burguesia. As contradições do sistema capitalista são frutos desse antagonismo.

Ter a consciência disso é fundamental para o avanço da luta dos trabalhadores. E essa consciência se torna mais elevada quando entendemos que a burguesia se reconhece como uma classe internacional e que nós, trabalhadores, também precisamos nos reconhecer dessa forma.

Assim como a luta de uma determinada categoria é a luta de todas as categorias, de toda a classe trabalhadora, também a luta da classe trabalhadora de um país é a luta dos trabalhadores de todo o mundo.

A situação da classe trabalhadora

Atualmente, há uma divisão mundial do trabalho. A humanidade produz mais do que o suficiente para que todos possam viver bem, porém, como o sistema capitalista funciona com o objetivo do lucro, não há uma distribuição da riqueza produzida, ao contrário, ela fica acumulada em uma pequena parcela da sociedade, a qual está cada dia mais rica, deixando uma enorme parte da sociedade na miséria absoluta.

Mas a grande maioria da sociedade está composta por trabalhadores que vendem sua força de trabalho para sobreviver. Os salários que recebem são muito aquém do valor da riqueza que produzem, a grande parte do valor dela se converte em lucro.

Porém, não é só isso. Esses trabalhadores são ameaçados constantemente com demissões, redução de direitos e retrocedem sempre nas condições de trabalho, o que acaba afetando negativamente a sua saúde.

Toda essa situação cria uma concorrência entre os trabalhadores, que acaba por dividir a classe trabalhadora e favorecer a classe dos patrões, a burguesia. O enfraquecimento da consciência e das lutas dos trabalhadores diminui os salários e os direitos, por um lado, e aumenta o lucro, por outro.

A pandemia – um agravante desolador

A situação de miséria de uma imensa parte da classe trabalhadora, somada à fragilidade dos direitos econômicos e trabalhistas de outra grande parte da classe, agrava-se com a pandemia.

Por um lado, a própria doença e a falta de políticas sanitárias e sociais causam uma quantidade imensa de mortos. Por outro, a crise econômica gerada afeta, terrivelmente, a classe trabalhadora, com a perda de empregos, a redução de direitos e o arrocho salarial.

No Brasil, há um recorde de desemprego, com quase 15 milhões de pessoas desempregadas. Pela primeira vez na história, o número de trabalhadores precários superou o de trabalhadores com carteira assinada.

O quadro social é gravíssimo. Além dos quase 500 mil mortos pela pandemia, 125 milhões estão sofrendo insegurança alimentar, sendo que 19 milhões estão passando fome. Isso no País que mais produz alimentos no mundo!

Esse quadro brasileiro é o retrato de muitos países. O desemprego, a retirada de direitos, o arrocho salarial e o aumento das doenças profissionais e dos acidentes de trabalho são uma realidade internacional.

Em todo o mundo, a luta é uma só!

Com a pandemia, ficou claro que o mundo é uma grande aldeia, que não há saída para país algum individualmente. Ou tem vacina para todo o mundo ou o vírus continuará a evoluir, a sofrer mutações e a afetar toda a humanidade.

A economia também não tem como se estabilizar nessa situação. Em que pese que alguns poucos bilionários continuem a ficar cada vez mais ricos, a maioria da humanidade está padecendo na pobreza e na miséria.

Por isso, o esforço humano para combater o vírus reforça a necessidade de a humanidade lutar pela defesa da Amazônia, da fauna em risco de extinção, do fim da proliferação de armas nucleares e das guerras, da luta por justiça social, pelos direitos trabalhistas e por melhores salários.

As greves e as manifestações em todo o mundo vão dando um sentido comum aos trabalhadores de todos os países. A consciência de que somos uma classe só, para além das fronteiras, é o caminho para a emancipação da classe trabalhadora.

Quando estiverem todas as categorias, em todos os países, lutando juntas, será aberto um novo horizonte para a humanidade, em que o poder não deverá ficar nas mãos de poucos, mas sob o controle da imensa maioria que produz toda a riqueza e essa deverá ser distribuída para cada um, de acordo com a sua necessidade. Isso será a plenitude humana!

 

 

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