O estudo é do Dieese: observados setores da indústria, comércio e serviços, a operação Lava Jato custou ao Brasil 4,4 milhões de empregos, perda de R$ 47,4 bilhões em impostos e R$ 20,3 bilhões em contribuições sociais sobre folha de pagamento. A massa salarial no país se reduziu em R$ 85,8 bilhões.
A Lava Jato mirou diretamente a Petrobras. Por conta da operação, a companhia travou, a partir de 2014, sua política de investimentos. E, além de travá-la, mais tarde alterou o enfoque: de uma empresa integrada de energia, passou a mera explorada de reservas de petróleo. Investimento em pesquisa – que havia resultado, entre outras, na descoberta do pré-sal em 2006 – e ampliação da capacidade de refino de derivados de petróleo ficaram no passado. Números revelam: em 2013, o investimento total da empresa foi de 48 bilhões de dólares. Em 2016, já havia se reduzido, em dólares, a 15,8 bilhões, em 2019, a 10,7 bilhões e, por fim, a 8,057 bilhões em 2020.
Construção Civil
A indústria da construção civil brasileira também foi atingida: com base em dados do Ministério Público Federal e Tribunal de Contas de União, estima o Dieese que, nesse segmento, em obras paralisadas em decorrência de ações da Lava Jato, R$ 67 bilhões deixaram de ser investidos. A perda de postos de trabalho, aqui, é estimada em 1,075 milhão.
Consequências
Na construção civil, é fato a quebra de empresas brasileiras, algumas das quais então com forte presença no exterior. O mercado nacional, agora, está aberto a transnacionais.
Na Petrobrás, desde o governo Temer a companhia alinha sua política de preços à cotação internacional de petróleo e à variação cambial em nome dos dividendos a acionistas, grande parte dos quais negociadores de ações da petroleira em bolsas estadunidenses. A companhia também abriu mão de empresas do setor de energia – gás liquefeito de petróleo, comércio de combustíveis, gasodutos – além de entregar refinarias ao capital privado.
No estudo, o Dieese conclui que “desvios de recursos públicos significam menor capacidade de atuação do Estado. O combate à corrupção, no entanto, deve preservar a estrutura produtiva e punir os culpados”.
Não é tema da análise do Instituto, mas há que se indagar: quebrar a estrutura produtiva, em vez de preservá-la, não era um dos objetivos da operação?