Previdência e Saúde

O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e o Setembro Amarelo

Hoje, 10 de setembro, é o “Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”. No ano de 2024 a ONU está trabalhando com o tema global “Mudando a Narrativa Sobre o Suicídio”. A ideia é, sob o tópico “Comece a Conversa”, reduzir até 2026 as estatísticas mundiais, buscando superar o estigma e encorajar o debate aberto sobre essa grave questão de saúde pública.

A cada ano, em todo o mundo, ocorrem cerca de 700 mil casos, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para a agência, é preciso alterar a percepção e a cultura do silencio para o incentivo à melhor compreensão do problema, acolhimento e apoio.

No Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022 ocorreram 16.262 registros, representando um aumento de 11,8% em comparação ao ano anterior, números que seguem uma tendência de crescimento desde 2010, quando houve 9.454 casos. De acordo com o Ministério da Saúde, até 2019 esses números cresceram 43% atingindo a marca de 13.523 casos.

Embora a ocorrência de pessoas que atentam contra a própria vida, ainda de acordo com a OMS, sejam consequência de fatores emocionais, sociais e econômicos, existem importantes estudos em países da Europa sobre os casos de suicídios nos locais de trabalho, identificando as políticas de pressão por aumento de produtividade como causa.

Em nosso país não é diferente, em especial nos bancos, onde a crescente cobrança de metas tem levado ao sofrimento mental, aumentando, a cada ano o número de afastamentos por problemas que vão desde ansiedade e depressão, chegando a situações extremas.

O bancário do Banco do Brasil, doutor em administração pela UnB, Marcelo Finazzi, e mestre pela mesma universidade, com a dissertação “Patologia da solidão: o suicídio de bancários no contexto da nova organização do trabalho”, desenvolvida a partir da observação da mudança da política de gestão do banco nos anos 1990 com a adoção de sucessivos planos de desligamento, demissões em massa, mudança cultural abrupta, busca do aumento da rentabilidade e performance e fim da tradição do emprego estável, identificando a ocorrência de um suicídio a cada quinze dias.

A continuidade do levantamento na década de 2000 indica uma sensível melhora, mas ainda assim apontando o índice alarmante de um caso a cada vinte dias. Na Caixa, embora não existam dados oficiais, o acirramento da cobrança por metas e a consequente utilização do assédio moral e da gestão por intimidação tem gerado diversos casos divulgados informalmente.

Para o psiquiatra francês e pesquisador sobre o adoecimento mental no trabalho em seu país, Christophe Dejours, em entrevista ao jornal “Público” de Portugal, em 2010, “O suicídio no trabalho é uma mensagem extremamente brutal, a pior do que se possa imaginar – mas não é uma chantagem, porque essas pessoas não ganham nada com o seu suicídio. É dirigida à comunidade de trabalho, aos colegas, ao chefe, aos subalternos, à empresa. Toda a questão reside em descodificar essa mensagem.”

O mês de setembro no Brasil e em diversos países do mundo é consagrado à prevenção do suicídio com a campanha do “Setembro Amarelo” criada no ano de 2014 com o objetivo de romper com o tabu que prevaleceu durante muito tempo em que se tinha medo de falar o sobre o tema. De lá para cá, com o sucesso da campanha, essa barreira vem sendo derrubada e informações passaram a ser compartilhadas, possibilitando que as pessoas possam ter acesso a recursos de prevenção.

 

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