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Selic mais elevada ajuda a conter a inflação? Para o mercado, sim; para os afastados do credo neoliberal, não. Consenso entre analista, mesmo, é que é boa para o rentismo

Em sua reunião de 22 de setembro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil elevou a taxa básica de juros da economia (Selic) a 6,25% ao ano. É a quinta elevação desde janeiro, quando a taxa anual era de 2%.

O que é a Selic e para que serve sua elevação, segundo o Banco Central.

Na definição do Banco Central, a Selic “é considerada a taxa básica de juros da economia, pois influencia as demais taxas de juros do país, como as taxas de juros de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras”. E, diz também o Bacen, “quando a taxa Selic sobe, as taxas de juros reais também tendem a subir. Como tomar dinheiro emprestado fica mais caro, o investimento das empresas e o consumo das famílias tendem a diminuir, assim como a procura por bens e serviços. Isso contribui para que a inflação diminua”.

Economistas não alinhados ao credo neoliberal questionam a tal contribuição à redução inflacionária. A disparada de preços que se verifica no país não se relaciona, diretamente, à demanda por bens e serviços influenciáveis pela variação da taxa. Mas o Banco Central independente, que se pauta pelo mercado, pensa diferente.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no período de setembro de 2020 a agosto de 2021 foi de 9,68%.

O IPCA é resultado da variação de preços de bens e serviços classificados em nove grupos. O de Alimentação e Bebidas, com acumulado de 13,27% no período, superou o índice geral: entre outros produtos, arroz, mais 32,68%, e carnes, mais 30,77% pesaram muito. O grupo Habitação alcançou 11,57%, especialmente por conta de custos com energia; em Transportes, 16,63%, graças aos combustíveis. Artigos para residência também se elevaram acima do IPCA, 12,64%. Os demais grupos – Vestuários, Saúde, Despesas Pessoais, Educação e Comunicação registraram acumulado inferior aos 9,68%.

Energia e combustíveis

Energia elétrica, segundo se informa por falta de chuvas e, assim, contratação de energia de térmicas, variou 21,08% em doze meses. Combustíveis, que acompanham cotação de preço internacional por política de governo adotada desde 2016, se elevaram em 23,08% (Gráfico 1). Energia encarece a produção e combustíveis pesam no frete. Ao consumidor resta o castigo do preço final.

Rentistas

Não há queixas de rentistas, agrupamento, especialmente, de instituições financeiras, fundos de investimentos e fundos de previdência. A elevação da Selic faz crescer a rentabilidade com títulos da dívida pública da União, os papéis preferidos. É o modelo adotado no país: recursos não chegam à economia real; são destinados às aplicações caracterizadas como de risco soberano.

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