Elevação da taxa Selic em meio ponto percentual, de 14,25% a 14,75% ao ano, decisão do Banco Central (Bacen) em maio de 2025:
Quanto custa em encargos da dívida pública?
Mais R$ 30 bilhões no estoque da dívida, sem contrapartida real ao país.
Por que a taxa foi elevada mais uma vez?
Entre as razões, segundo o Banco Central:
a) “o ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto”;
b) no ambiente interno, “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado dinamismo”; e
c) “a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação”.
Quem define a meta de inflação?
O Conselho Monetário Nacional (CMN), que é integrado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, além do Presidente do Banco Central Brasil. A meta atual, de 3% em período de doze meses, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos, foi aprovada em reunião de junho de 2024, da qual participaram os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet e, pelo Bacen, Roberto Campos Neto.
A meta é factível?
A se observar índices desde 1999, ano de instituição do regime de metas, inflação abaixo de 3% foi registrada unicamente em 2017. Quando considerada a tolerância de 1,5 ponto, inflação de até 4,5% verificou-se apenas em outros quatro dos vinte e cinco anos desde então.
Qual a consequência da elevação?
Denise Gentil, doutora em economia e professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca:
“O aumento visa encarecer principalmente as operações de crédito e financiamento. O objetivo é reduzir consumo, o investimento produtivo e, portanto, reduzir o nível geral de emprego para frear a economia (…) Esse tipo de política está em linha com o mercado financeiro (…) o Banco Central valida a expectativa dos especuladores”.
E conclui: “a taxa de juros, atípica para os padrões internacionais, que regula a dívida brasileira, tem de ser crível. O mercado exige uma taxa de juros verossímil e, para isso, ela tem que vir acompanhada de forte repressão nas despesas primárias (…) Quando falo em repressão primária, estou falando de gastos com os pobres…o BPC, o Bolsa Família (…) esse tipo de gasto tem que passar por aquilo que o governo chama de ‘pente-fino’. Além disso, o governo faz um corte do percentual do (reajuste) salário-mínimo, para diminuir o gasto com previdência”.
O Brasil tem a segunda maior taxa real de juros do mundo, informa Denise Gentil.
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