No primeiro trimestre de 2021, a população brasileira era de 212 milhões, segundo estimativa do IBGE divulgada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-Contínua). A força de trabalho – que considera as pessoas de 14 anos ou mais de idade – era de 100,4 milhões, das quais 14,8 milhões classificadas em desocupadas. Em linguagem mais simples, desemprego de 14,7%. A cada índice divulgado se observa quão mentirosa é a visão de que reformas – no caso, aquelas voltadas à eliminação de direitos trabalhistas – gerariam emprego. As reformas trabalhistas se aprofundam desde o governo Temer (2016-18). Resultado para o emprego? Nenhum.
O que gera postos de trabalho, mostram os dados, é a atividade econômica. Embora não seja o único indicador, vale observar a evolução da taxa de desemprego e o Produto Interno Bruto (PIB), mesmo tendo por referência 2012, um ano em que a atividade econômica sofreu variação positiva bem baixa, de 1,9%, com o desemprego em 6,9%. Em 2013, PIB em 3%, desemprego cai. Em 2015 e 2016, PIB encolheu 3,5% e 3,3%, respectivamente, desemprego cresce. Desde então, variação positiva do PIB residual, insuficiente para recuperar produto anterior. O desemprego se acentua.
Mais assustador, no entanto, a chamada taxa composta de subutilização. Nela, é considerada a desocupação e ocupação em número de horas inferior ao possível e desejável: trabalho temporário, um bico aqui, outro acolá. A subutilização marca 29,7% da força de trabalho, 30 milhões de pessoas.
Há quem não acredite, mas o Brasil nunca adotou o estigmatizado socialismo. Para alguns analistas, o país se aproximou da social-democracia europeia, a do estado do bem-estar social, no segundo governo Lula. A marca do país sempre foi o capitalismo, agora em sua forma mais selvagem, o neoliberalismo. Os números não mentem: é o país dos subutilizados e de 60% da população subalimentada – denominação acadêmica de quem enfrenta, em maior ou menor grau, privação de alimentos. Aliás, segundo pesquisa divulgada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 15% dos tais subalimentados convivem com a insegurança alimentar grave: em outras palavras, adultos e crianças passam fome.
Enfim, o Brasil é um país subdesenvolvido. Paulo Guedes, condutor da política econômica do bolsonarismo, tem dito em entrevistas que o Brasil iniciou sua recuperação e que assim continuará com mais reformas e vacinação em massa. O governo sociopata se sustenta pela oligarquia ávida pelas reformas.
Vacinação em massa? A contagem de cadáveres demonstra em que grau ela se efetiva.